"De passagem por Lisboa, o menino-prodígio do cinema espanhol visitou a secretaria do Benfica, deliciando-se com a glória do Clube
O famoso pasadoble dedicado à cidade de Granada foi cantado por grandes vozes como Pavarotti, Sinatra, o próprio Luís Piçarra e, ainda, Joselito, no filme Bello Recuerdo (1961), que três anos antes da estreia poderia tê-lo cantado para o Benfica.
Desembarcado em Santa Apolónia, nos primeiros dias de 1958, Joselito foi esperado e aplaudido por um grande número de crianças. Perguntando se todos o conheciam do cinema, soube que muitos deles 'não têm dinheiro para ir ao cinema'. Surpreendido o menino pediu para se organizar um pequeno espectáculo para as crianças pobres, com exibição de um filme seu e cantando depois para o público que, como ele, 'tem apenas três palmos de altura'.
A visita aos clubes representativos de Lisboa, o Sporting e, sobretudo, o Benfica, foram os motivos de maior notícia, por lhe causarem 'viva curiosidade, do mesmo modo que a sua presença constituiu motivo de grande interesse'.
Na secretária do Clube, situada na Rua do Jardim do Regedor, inaugurada 24 anos antes, encontrava-se a Sala dos Troféus, autêntica 'amálgama de recordações e de triunfos que atestam uma existência notável e brilhante' do Benfica. A sua porta estava aberta, sendo 'largamente visitada (...) por indivíduos estranhos ao Clube, nacionais e estrangeiros', aos quais causou 'interesse e admiração'.
Joselito não ficou imune! A magnificência da Sala dos Troféus deixou 'emudecido' o pequeno 'rouxinol' - nome pelo qual era conhecido -, levando-o a dizer que 'nunca tinha visto coisa assim'. Ficou especialmente deslumbrado com a Taça de Portugal. O imponente troféu que é propriedade da Federação Portuguesa de Futebol era entregue aos vencedores, que a mantinham por um ano, como um testemunho de glória. Conquistada pelo Benfica frente ao Sporting da Covilhã, em Junho, a 'verdadeira e enorme' taça estava agora exposta no centro da Sala dos Troféus.
O presidente, Maurício Vieira de Brito, foi 'alvo particular da esfusiante simpatia' de Joselito, que em todos conquistou um amigo. O engenheiro acompanhava o actor, 'protegendo-o' da multidão que se arrastava, seguindo-os.
A recepção a Joselito revelou-se cheia de ternura e de afecto, tendo-lhe sido oferecido um emblema e um galhardete do Clube. No fim assinou o livro de visitas e declarou-se 'um ferrenho benfiquista'.
Não dedicou uma música ao Clube, mas deixou bem expressa a sua alegria e entusiasmo, com um derradeiro: 'Arriba, Benfica!'
Saiba mais sobre a presença do Benfica no universo da cultura na área 16 - Outros Voos, do Museu Benfica - Cosme Damião."
Pedro S. Amorim, in O Benfica
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