"O presente ano está a ser terrível do ponto de vista das perdas humanas. O último a partir foi José Bastos, o nosso glorioso guarda-redes que brilhou nos anos cinquenta. Ajudou a conquistar nove títulos - três Campeonatos Nacionais, cinco Taças de Portugal e uma Taça Latina. O seu grande feito aconteceu na época 1949/50, quando integrou o lote dos '13 Magníficos' que conquistou a Taça Latina, a competição que esteve na génese da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Disputada pelos campeões de Portugal, Espanha, França e Itália, em 1949/50, coube ao Benfica disputar a competição, e José Bastos foi decisivo nos três jogos. Frente à Lazio de Roma, na meia-final, no Estádio Nacional, fechou a baliza e ganhámos por 3-0, com golos dos notáveis Rosário, Rogério 'Pipi' e Arsénio. Seguiu-se a final, frente ao Girondins de Bordéus, com três golos para cada lado. Uma semana depois, a finalíssima, frente ao campeão francês, um jogo épico, que durou 146 minutos. A equipa lutou como nunca e quando já poucos acreditavam, Arsénio, a 20 segundos do fim, empatou. No prolongamento, Julinho resolveu o jogo. Com Ted Smith e Cândido Tavares ao leme, nascia o Benfica Europeu. Seguiram-se sete conquistas - dois Campeonatos e cinco Taças de Portugal. José Bastos foi um dos pilares, destacando-se na dobradinha de 1956/57. Fez os 26 jogos do Campeonato e repartiu com Costa Pereira os oito jogos da épica campanha, na Taça de Portugal, jogando a final com o SC Covilhã. Nessa época, disputou nova final da Taça Latina, no Santiago Bernabéu, frente ao Real Madrid, que perdemos por 1-0. José Bastos destacou-se. Tive o privilégio de ser seu amigo. Revelou-me vários episódios das 14 épocas no Benfica. Tinha orgulho na forma como os jogadores sentiam a camisola. Nem a mágoa por ter sido preterido, em 1960, quebrou o seu amor pelo Glorioso."
Pedro Guerra, in O Benfica
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