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terça-feira, 17 de abril de 2018

No fim das contas

"Enquanto parece desmoronar-se com estrondo precária estrutura em que se bamboleava o incontinente bufão eleito e reeleito, à testa de um clube lisboeta de certa monta, a norte, prossegue a imparável fuga para a frente dos representantes comunicacionais de uma outra associação que, apesar das profundas dificuldades financeiras em que se terá deixado enredar ao cabo de incontáveis manigâncias, ainda assim, tem desportivamente procurado livrar-se, durante esta época, de uma 'débacle' que - a confirmar-se - não se apresentará menos ruinosa do que a da tal alegre 'sempre em festa' lisboeta.
A cinco jornadas do fim, o Benfica continua em primeiro, e outros vêm depois. É aqui que estamos. E, se nos dermos a analisar a época de um ponto de vista estritamente competitivo, tornando apenas em consideração os registos técnicos, os resultados finais de todos os jogos e as classificações deles decorrentes, a verdade é que o torneio de 2017/2018 acabará por ser referido no futuro como um dos mais disputados e mais emocionantes de sempre na longeva saga do futebol lusitano. Foi a primeira vez que se estabeleceu o uso do videoárbitro ao longo da competição: o presidente da Federação correspondera, voluntarioso, aos ingentes pedidos dos concorrentes que mais nos perseguiam sem sucesso, sem que, todavia, se detivesse - ou, sequer, se tivesse ao menos abrandado... - a insuportável choradeira dos que mais se habituaram a perder connosco. Já calculávamos que assim continuasem. Em Portugal, é histórico que os eternos perdedores sempre se choram mais das culpas alheias do que dos erros próprios.
A partir de um início de época conturbado, o Benfica, nada eufórico do alto do seu primeiro tetra e completamente alheio a todos os ruídos externos, foi mantendo o persistente registo de uma competente recuperação que, jornada a jornada, se tornava mais evidente. Sob a impressionante tempestade de ataques cruzados que se produziam fora das quatro linhas, a equipa fazia, humilde, o seu caminho, segundo as regras mais universais: perdeu (claro!) e empatou também. Mas - como seria natural -, sobretudo, foi ganhando cada vez mais, à medida em que ia considerando novas estruturas de jogo e os moldava progressivamente, com naturalidade, com os seus desacertos e com as suas virtudes.
Staff técnico e atletas, alguns várias vezes campeões, o outros recém-chegados, menos experientes, todos tinham interiorizado a cultura do Benfica, correspondendo ao que de mais importante e sólido encontramos na essência da competição desportiva: saber ganhar, mesmo quando se perde, é o princípio que torna mais imediata a vitória que há de seguir-se. Ou, dito por outras palavras, quem julga que ganha sempre e não respeita quem perde, está sempre mais perto de perder definitivamente. Tanto nos jogos mais simples como nos mais decisivos, o que inoxoravelmente fica para a história são os registos técnicos, os resultados e as classificações finais. No fim das contas, são as contas que interessam. Não são nem a traquibérnia dos circos da televisão, nem a gritaria nas tabernas, nem os insultos das redes sociais. E é por isso que no Benfica nos orgulharmos de hoje poder afirmar - como nenhuns outros! - que o que agora está em causa é se, daqui a cinco jornadas, sempre seremos campeões de Portugal pela 37.ª vez."

José Nuno Martins, in O Benfica

PS: Só recebi a Jornal O Benfica, esta segunda-feira, portanto esta e as próximas crónicas, foram escritas antes do último fim-de-semana.

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