"A regra de ouro no desporto, em minha opinião como é óbvio, é o respeito que temos pelos adversários e dessa forma por nós próprios. No desporto, qualquer que seja a modalidade, temos oponentes de que gostamos mais ou menos, mas nunca inimigos. Valorizamos mais uns do que outros, reconhecemos talento ou falta dele, mas quando acaba a prova, ou o jogo, o mais importante é comemorar ou tentar perceber porque motivo não conseguimos o objectivo. Ficamos aborrecidos, por vezes revoltados, nem sempre aceitamos os erros, nossos e de terceiros, mas isso não nos dá o direito de fazemos dos adversários... inimigos! Isso é matéria que nem para os adeptos deveria ser prioritária. Infelizmente tem vindo a tornar-se comum transformar rivais em inimigos. Uma forma de sobrevivência, desportiva e até política.
Habituei-me, desde muito jovem, a ler este jornal. A Bola tinha um formato maior, era trissemanário, e não havia edição que não fosse recebida com satisfação. Não tínhamos televisão ou internet. As notícias desportivas eram recebidas pela rádio ou pela imprensa escrita. O mesmo jornal era lido por vários leitores. Depois discutia-se, discordava-se, mas no fim acabava tudo como no início. Amigos como sempre, e lá íamos jogar. Pouco importava a cor clubística de Vítor Santos, de Homero Serpa ou de Carlos Pinhão.
Vem isso a propósito do clima que dirigentes e comentadores têm criado em redor dos clubes de futebol, com destaque para os de maior dimensão. Quando leio em tom jocoso que o Sporting empatou 0-3 e o Benfica levou 5 no dia seguinte, como forma primária de afirmação perante os adeptos, recordo-me desses tempos antigos em que lia A Bola mesmo sem a conseguir comprar. Esgotava. Não sou propriamente um saudosista militante, mas assim estamos a regredir. Com este comportamento, as elites, ou pseudo-elites, apenas transformam a rivalidade desportiva num combate entre inimigos. Deviam corar de vergonha. É lamentável!"
José Couceiro, in A Bola
PS: Três notas:
- as palavras do Sílvio Cervan (o Sporting empatou 0-3) foram escritas num contexto, onde o alvo da critica, não era a instituição SCP, mas sim a forma como os maus resultados do Sporting são analisados e 'amparados' pela comunicação social desportiva...
- em tese, todos nós concordamos com este artigo, só tenho pena que José Couceiro não tenha tido a coragem de referir o nome do dirigente que tem contribuído mais do que qualquer outro, para o actual clima...
- já agora, será que agora a Direcção d'A Bola já permite que o colunista, critique outro colunista?!!!
...Além disso , e como por mero acaso , foi preciso chegar ao sporting ( em letra pequena...) para este ex.candidato a presidente...( o que não é crime, note-se...) , sair a terreiro , ainda por cima para malhar num artigo do Benfiquista Silvio Cervan. Pergunta : O sr. José Couceiro tem andado A DORMIR desde há QUATRO ANOS para cá ou quê ? Por acaso já ouviu falar em "atores de teatro" , impagáveis , que têm por nomes b. de carvalho e n.saraiva ? Ou quer que os citados mintam , para o boneco , sem terem resposta ?
ResponderEliminarMuito obrigado pela divulgação do blog.
ResponderEliminarGrande abraço