"Há uma ameaça, por parte dos árbitros, de boicote às últimas cinco jornadas da I Liga. Dizem os juízes de campo que está em falta um pagamento correspondente a publicidade de que seriam veículo. Sucede que não há registo, na Liga de Clubes, desta obrigação, tão-pouco os árbitros, hoje em dia, ostentam qualquer publicidade específica.
Perante este cenário, a Liga admire até vir a pagar, caso lhe seja feita prova, por escrito, do compromisso invocado pelos árbitros; mas não vai abrir os cordões à bolsa só porque os árbitros se lembraram agora, coincidindo com a fase mais quente de competição, de reivindicar.
O que este caso mostra, e esta é uma constatação grave, é que não há, por parte dos árbitros, um compromisso sério com as provas de que fazem a parte. De forma como colocaram a questão, os árbitros mostram que não querem saber dos clubes, jogadores, treinadores e demais intervenientes, directos e indirectos, que vivem do futebol, nem dos adeptos, cuja paixão é o motor de toda a indústria.
E quando se fala dos árbitros, fala-se de uma classe cuja profissionalização acarreta novas responsabilidades. Os vencimentos que auferem, em muitos casos cerca de 14 ordenados mínimos mensais (sete mil euros), não são compatíveis com acções que coloquem a competição em risco; por uma questão de solidariedade com os restantes intervenientes no futebol; e por uma questão de dignificação da sua novel profissão. Se os árbitros entendem que têm direito a algo, devem lutar por isso. Não devem é ameaçar colocar tudo o mais em causa. Têm mais direitos. Devem ter mais responsabilidade."
José Manuel Delgado, in A Bola
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