"Ainda Portugal e Moçambique, o Benfica e o futebol português de luto pela morte do rei Eusébio, eis que também Mário Coluna, o monstro sagrado, nos deixa.
Sim, o monstro sagrado. Antes de Eusébio e, durante quase uma década, ao lado do seu afilhado, Coluna foi o patrão, o precioso líder do grande Benfica europeu e da Selecção Nacional. Nunca vi futebolista que sequer o igualasse em personalidade/capacidade de comando. Que senhor capitão! Porque era sempre nos momentos mais difíceis que ele, poderosíssimo sobre adversários e nos jactos de alma impulsionando os colegas, se erguia como... general. Bem mais do que por ser estupendo jogador que enchia o meio-campo, o fascínio de Coluna, aquilo que o tornou... único, era esse: tudo corria bem à sua equipa, ele parecia ser apenas mais um (como se tal fosse possível...); dava para o torto, no Benfica ou na Selecção, aí vinha ele, o monstro indomável: pegava no jogo pelos cornos, pegava nos colegas pelos colarinhos, toca a virar isto do avesso. Assim, sistematicamente general quando as batalhas pareciam perdidas, único!
Agora que TV's tiveram a excelente ideia de nos mostrar, na íntegra, filmes de históricas vitórias de Portugal no Mundial-1966 (onde Coluna foi, evidentemente, o senhor capitão), permito-me sugerir o mesmo para cruciais jogos em que ele se assumiu general. Exemplos: as duas finais do Benfica bicampeão da Europa (ainda sem Eusébio na primeira e em ambas começando a perder...). Até com golos seus, Coluna assumiu comando para virar de pantanas o curso dessas finais. No Benfica ou na Selecção, ele era a coluna vertebral; e, quando se tornava urgente, daí partia para também ser coração, alma e cérebro na avassaladora força mental. Monstro de liderança!"
Santos Neves, in A Bola
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