"SOFREM de falta de visão histórica e fazem mal os benfiquistas que desdenham a terceira vitória consecutiva na Taça da Liga atribuindo-lhe uma menoridade que não tem a partir do momento em que faz parte do calendário oficial de provas. Por muito zangados que estejam com a sua equipa, estão fora de razão os benfiquistas que desdenham a vitória de sábado à noite em Coimbra e se prestam a fazer coro com os portistas e os sportinguistas, cujo desapreço pela dita Taça de explica facilmente olhando para o respectivo palmarés.
Em quatro edições da Taça da Liga, o Sporting perdeu duas finais no desempate por pontapés de grande penalidade e o FC Porto perdeu a final do ano passado sofrendo um resultado pesado e um banho de bola que lhe foram infligidos pelo Benfica. Bons tempos! Mas são precisamente estas as razões que movem os portistas e os sportinguistas contra a nova competição.
Um pouco como na fábula de Esopo, reescrita por La Fontaine a propósito da raposa que queria comer uma uvas penduradas numa latada tão alta que, face à impossibilidade de lhe chegar, não querendo admitir o insucesso se saiu com a célebre frase: «Ah, mas estão verdes!».
Além do facto, um bocadinho ridículo, de o Benfica correr o grande risco de só vir a ganhar esta temporada a única competição de que ameaçou desistir, menosprezar a Taça da Liga hoje, em 2011, é tão patético como, por exemplo, terá sido, eventualmente rebaixar a Taça de Portugal em 1942, consumadas as quatro primeiras edições da prova que é hoje clássica e que teve como primeiros vencedores, por esta ordem, a Académica, o Benfica, o Sporting e o Belenenses.
A Taça da Liga é o que é. E é, sobretudo, o que vai ser no futuro porque nada indica que não venha a ter um largo porvir. A não ser que venha a ser extinta por bula papal visto não apresentar índices de sucesso que agradem ao Vaticano.
Sendo uma hipótese absurda, também não deixava de ter quase graça como a fábula de Esopo sobre a raposa e as uvas.
...Ah, mas estão verdes!
E estão mesmo verdes. E não me refiro às uvas.
AO abrigo de um protocolo entre os dois emblemas, o Benfica terá comprado ao Varzim três jovens jogadores portugueses praticamente desconhecidos das grandes plateias. É natural que assim o sejam. o Varzim, nome histórico do futebol português, luta actualmente pela sobrevivência no fundo da tabela da Liga de Honra e, assim, não espanta que os nomes de Neto, Rafael Lopes e Tiago Terroso - os tais três jogadores com guia de marcha para a Luz - não tenham propriamente o estatuto de galácticos capazes de levar ao transe os adeptos e os mercados.
Como os benfiquistas andam tristinhos, e têm bastas razões para tal porque nem a Taça da Liga lhes abriu um sorriso, não há notícia alguma que não provoque imediatamente esgares de desconfiança ou, pior ainda, de indiferença. A contratação de Neto, Lopes e Terroso não provocou nem uma coisa nem a outra. Veio apenas acentuar o masoquismo vigente depois das duas derrotas em casa com o FC Porto e mais o que isso significou, o que não foi nada pouco.
A contratação de três desconhecidos a uma clube que é o penúltimo classificado a um clube da Liga Orangina não podia, de modo algum, ter o condão de fazer arribar o ânimo dos benfiquistas, o que se compreende. Mas não é a primeira vez que o Benfica vai à Póvoa buscar jogadores em quem, à partida, ninguém acredita que possam vir a fazer a diferença. Em 1988, depois de Águas e de Dito terem trocado a Luz pelas Antas, provocando uma grave comoção na casa de partida, o Benfica foi buscar ao Varzim Vata e Miranda, o que foi entendido como um acto de grande incompetência para não dizer uma galopante burrice dos nossos dirigentes à época.
E foi de tal monta a reacção interna e externa que o próprio Pinto da Costa, com a ironia do costume, se abalançou a prédicas sobre o futuro e proferiu uma frase que haveria de ficar história: «Para o ano vão ser campeões com o Vata e com Miranda e com o Paneira!», sendo que «O Paneira!», que ninguém sabia quem era, acabadinho de comprar ao modesto e honesto Vizela, também não era nome que se apresentasse para animar uma massa de adeptos traumatizada com as deserções de Dito e Rui Águas.
O ânimo só chegaria no final da época seguinte quando o Benfica foi mesmo campeão com o Vata, o Miranda e o Paneira, dando razão a Pinto da Costa, o que também, por absurdo, teve a sua graça.
Por tudo isto será preferível que os benfiquistas se agarrem, durante o final desta época e durante todo o próximo defeso, aos nomes bem portuguesinhos do Neto, do Lopes e do Terroso em vez de passarem estes meses de calor a sofrer as agonias e o stress que, tradicionalmente, lhes provocam as notícias às sacadas de contratações de nomes estrangeiros mais fulgurantes e os consequentes desmentidos, como tem sido nossa sina suportar todos os Verões.
Verão como tenho razão.
O Sporting renovou com Izmailov até 2015 e Izmailov mostrou-se muito satisfeito. O russo, jogador muito talentoso ainda que intermitente, deu provas do seu estado de espírito declarado à comunicação social: «No Sporting sinto-me em casa.» Ora aqui está uma confissão bastante discutível porque, nestes anos que leva de Sporting, Izmailov raramente esteve em casa.
Foram mais os tempos passados suspenso de toda a actividade no clube, passados em hospitais em Portugal e no estrangeiro, passados em estadas autorizadas na sua Rússia do que, propriamente, os tempos passados em Alvalade. Mas, até 2015, Marat Izmailov vai, certamente, ter tempo para fazer do Sporting a sua casa. E já não era sem tempo.
Também Liedson, outra glória leonina, falou recentemente à comunicação social para expressar um sentimento não menos discutível em relação ao clube de Alvalade. Actualmente so serviço do Corinthians, clube da gigantesca metrópole de São Paulo, Liedson diz que tem muitas saudades do Sporting por causa... do trânsito. «Em Portugal eram 32 quilómetros até ao treino, era rapidinho, levava 30 minutos. Aqui em São Paulo o trânsito é mais complicado tenho de sair de casa 40 minutos antes.»
Mais 10 minutos, menos 10 minutos, francamente Liedson. Passa um homem anos e anos num clube a ser acarinhado pelos adeptos e depois sai-se com esta de ter saudades da auto-estrada...
HOJE o Benfica recebe o Sporting de Braga na primeira mão da meia-final da Liga Europa que é uma competição nova, inventada pela UEFA, e que tem ainda menos anos de existência que a nossa Taça da Liga caseira.
Além da curiosidade natural e sadia sobre o desfecho desta eliminatória em termos de resultados, tem vindo a sobressair uma outra curiosidade bem menos sadia e reveladora do fraco estatuto interno que os árbitros portugueses gozam. E o que eles têm gozado...
O presidente da Câmara de Braga já se regozijou com o facto de o árbitro de hoje à noite ser estrangeiro, facto que se repetirá de hoje a uma semana. Têm surgido outros regozijos do mesmo teor oriundos de áreas mais intelectuais da sociedade portuguesa.
O que esta malta aposta nos árbitros é mesmo impressionante...
COMEÇOU mal para o Benfica a jornada europeia de clubes com a sonora derrota do Real Madrid, em casa, frente ao Barcelona. Falo do ponto de vista financeiro, obviamente. De acordo com a imprensa, o Benfica teria a receber mais um milhão de euros se Di Maria fosse campeão europeu o que, este ano, dificilmente acontecerá. A não ser que o Real Madrid se arme em FC Porto e vá a Nou Camp dar a volta aos 2-0 da primeira mão. Mas é muito difícil. Aliás, o Real Madrid não é o FC Porto de Espanha. É mais o Benfica, para o bem e para o mal."
Leonor Pinhão, in A Bola
Em quatro edições da Taça da Liga, o Sporting perdeu duas finais no desempate por pontapés de grande penalidade e o FC Porto perdeu a final do ano passado sofrendo um resultado pesado e um banho de bola que lhe foram infligidos pelo Benfica. Bons tempos! Mas são precisamente estas as razões que movem os portistas e os sportinguistas contra a nova competição.
Um pouco como na fábula de Esopo, reescrita por La Fontaine a propósito da raposa que queria comer uma uvas penduradas numa latada tão alta que, face à impossibilidade de lhe chegar, não querendo admitir o insucesso se saiu com a célebre frase: «Ah, mas estão verdes!».
Além do facto, um bocadinho ridículo, de o Benfica correr o grande risco de só vir a ganhar esta temporada a única competição de que ameaçou desistir, menosprezar a Taça da Liga hoje, em 2011, é tão patético como, por exemplo, terá sido, eventualmente rebaixar a Taça de Portugal em 1942, consumadas as quatro primeiras edições da prova que é hoje clássica e que teve como primeiros vencedores, por esta ordem, a Académica, o Benfica, o Sporting e o Belenenses.
A Taça da Liga é o que é. E é, sobretudo, o que vai ser no futuro porque nada indica que não venha a ter um largo porvir. A não ser que venha a ser extinta por bula papal visto não apresentar índices de sucesso que agradem ao Vaticano.
Sendo uma hipótese absurda, também não deixava de ter quase graça como a fábula de Esopo sobre a raposa e as uvas.
...Ah, mas estão verdes!
E estão mesmo verdes. E não me refiro às uvas.
AO abrigo de um protocolo entre os dois emblemas, o Benfica terá comprado ao Varzim três jovens jogadores portugueses praticamente desconhecidos das grandes plateias. É natural que assim o sejam. o Varzim, nome histórico do futebol português, luta actualmente pela sobrevivência no fundo da tabela da Liga de Honra e, assim, não espanta que os nomes de Neto, Rafael Lopes e Tiago Terroso - os tais três jogadores com guia de marcha para a Luz - não tenham propriamente o estatuto de galácticos capazes de levar ao transe os adeptos e os mercados.
Como os benfiquistas andam tristinhos, e têm bastas razões para tal porque nem a Taça da Liga lhes abriu um sorriso, não há notícia alguma que não provoque imediatamente esgares de desconfiança ou, pior ainda, de indiferença. A contratação de Neto, Lopes e Terroso não provocou nem uma coisa nem a outra. Veio apenas acentuar o masoquismo vigente depois das duas derrotas em casa com o FC Porto e mais o que isso significou, o que não foi nada pouco.
A contratação de três desconhecidos a uma clube que é o penúltimo classificado a um clube da Liga Orangina não podia, de modo algum, ter o condão de fazer arribar o ânimo dos benfiquistas, o que se compreende. Mas não é a primeira vez que o Benfica vai à Póvoa buscar jogadores em quem, à partida, ninguém acredita que possam vir a fazer a diferença. Em 1988, depois de Águas e de Dito terem trocado a Luz pelas Antas, provocando uma grave comoção na casa de partida, o Benfica foi buscar ao Varzim Vata e Miranda, o que foi entendido como um acto de grande incompetência para não dizer uma galopante burrice dos nossos dirigentes à época.
E foi de tal monta a reacção interna e externa que o próprio Pinto da Costa, com a ironia do costume, se abalançou a prédicas sobre o futuro e proferiu uma frase que haveria de ficar história: «Para o ano vão ser campeões com o Vata e com Miranda e com o Paneira!», sendo que «O Paneira!», que ninguém sabia quem era, acabadinho de comprar ao modesto e honesto Vizela, também não era nome que se apresentasse para animar uma massa de adeptos traumatizada com as deserções de Dito e Rui Águas.
O ânimo só chegaria no final da época seguinte quando o Benfica foi mesmo campeão com o Vata, o Miranda e o Paneira, dando razão a Pinto da Costa, o que também, por absurdo, teve a sua graça.
Por tudo isto será preferível que os benfiquistas se agarrem, durante o final desta época e durante todo o próximo defeso, aos nomes bem portuguesinhos do Neto, do Lopes e do Terroso em vez de passarem estes meses de calor a sofrer as agonias e o stress que, tradicionalmente, lhes provocam as notícias às sacadas de contratações de nomes estrangeiros mais fulgurantes e os consequentes desmentidos, como tem sido nossa sina suportar todos os Verões.
Verão como tenho razão.
O Sporting renovou com Izmailov até 2015 e Izmailov mostrou-se muito satisfeito. O russo, jogador muito talentoso ainda que intermitente, deu provas do seu estado de espírito declarado à comunicação social: «No Sporting sinto-me em casa.» Ora aqui está uma confissão bastante discutível porque, nestes anos que leva de Sporting, Izmailov raramente esteve em casa.
Foram mais os tempos passados suspenso de toda a actividade no clube, passados em hospitais em Portugal e no estrangeiro, passados em estadas autorizadas na sua Rússia do que, propriamente, os tempos passados em Alvalade. Mas, até 2015, Marat Izmailov vai, certamente, ter tempo para fazer do Sporting a sua casa. E já não era sem tempo.
Também Liedson, outra glória leonina, falou recentemente à comunicação social para expressar um sentimento não menos discutível em relação ao clube de Alvalade. Actualmente so serviço do Corinthians, clube da gigantesca metrópole de São Paulo, Liedson diz que tem muitas saudades do Sporting por causa... do trânsito. «Em Portugal eram 32 quilómetros até ao treino, era rapidinho, levava 30 minutos. Aqui em São Paulo o trânsito é mais complicado tenho de sair de casa 40 minutos antes.»
Mais 10 minutos, menos 10 minutos, francamente Liedson. Passa um homem anos e anos num clube a ser acarinhado pelos adeptos e depois sai-se com esta de ter saudades da auto-estrada...
HOJE o Benfica recebe o Sporting de Braga na primeira mão da meia-final da Liga Europa que é uma competição nova, inventada pela UEFA, e que tem ainda menos anos de existência que a nossa Taça da Liga caseira.
Além da curiosidade natural e sadia sobre o desfecho desta eliminatória em termos de resultados, tem vindo a sobressair uma outra curiosidade bem menos sadia e reveladora do fraco estatuto interno que os árbitros portugueses gozam. E o que eles têm gozado...
O presidente da Câmara de Braga já se regozijou com o facto de o árbitro de hoje à noite ser estrangeiro, facto que se repetirá de hoje a uma semana. Têm surgido outros regozijos do mesmo teor oriundos de áreas mais intelectuais da sociedade portuguesa.
O que esta malta aposta nos árbitros é mesmo impressionante...
COMEÇOU mal para o Benfica a jornada europeia de clubes com a sonora derrota do Real Madrid, em casa, frente ao Barcelona. Falo do ponto de vista financeiro, obviamente. De acordo com a imprensa, o Benfica teria a receber mais um milhão de euros se Di Maria fosse campeão europeu o que, este ano, dificilmente acontecerá. A não ser que o Real Madrid se arme em FC Porto e vá a Nou Camp dar a volta aos 2-0 da primeira mão. Mas é muito difícil. Aliás, o Real Madrid não é o FC Porto de Espanha. É mais o Benfica, para o bem e para o mal."
Leonor Pinhão, in A Bola
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