"José Mourinho, 62 anos, muito títulos no bolso, milhares de conferências de imprensa, clubes por toda a Europa, já ganhou o direito de ser um daqueles excêntricos dos anúncios do Euromilhões: fazer o que quiser, dizer o que quiser.
Foi quase sempre assim, é verdade, desde aquele diz em que saiu pelo próprio pé do Benfica, no longínquo ano 2000, por não se sentir suficientemente querido, até agora, em 2025, em que falou em qualquer filtro na conferência de imprensa do Fenerbahçe de antevisão ao jogo com o Benfica, de acesso à Liga dos Campeões, questionando as cabeças acima da sua a propósito da preparação do plantel.
E até afirmou que não conhecia o vice-presidente que dissera horas antes que o Benfica seria presa fácil. Mesmo sendo Mourinho não se evitou um «ele disse mesmo aquilo?». Já depois de eliminado, disse em voz alta que se calhar era mesmo melhor a Liga Europa, porque a equipa não iria passar da fase de liga da UEFA Champions League. Um excêntrico, portanto, que na chegada a Lisboa foi curto: «Eu sou assim.»
Aos 40 anos e com sucesso total no Sporting mas muito sofrimento em Manchester, dir-se-ia que Ruben Amorim ainda não se poderia dar ao luxo de ser excêntrico. A conta bancária - e a vitrine de troféus - é sem dúvida mais pobre que a de Mourinho, mas sobra-lhe muito na atitude. Teimosia, diriam alguns, por querer impor o sistema de jogo que lhe deu sucesso em Lisboa. Desde que foi para Inglaterra, Amorim também subiu muito no acumular de conferências de imprensa e entrevistas por semana. E enquanto em Portugal se lhe elogiava a frescura e pensamento rápido, em Manchester já perde muitas vezes a paciência e começa as respostas por «malta...», falando assim para todos. Depois do fiasco que foi a derrota com o Grimsby da 4.ª divisão, para a Taça da Liga, houve uma explosão natural, que teve depois de apagar. «Malta, todas as vezes que tivermos uma derrota como aquela, vou agir assim. Sei que vocês têm muitas pessoas experientes que falam sobre como eu deveria lidar com a imprensa, para ser mais calmo. Eu não vou agir assim», disse na sexta-feira.
Segue-se a paragem para as seleções e o regresso à Premier será doloroso: frente ao Manchester City. Ainda que nas últimas horas o ónus tenha sido invertido e tenham corrido notícias de que o United temia que Amorim se quisesse ir embora, falta saber até onde esticará o seu «eu sou assim»."

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