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domingo, 10 de agosto de 2025

Elas, eles e os 'outres'


"Elas querem ganhar como eles na vida em geral e no desporto em particular. Nos empregos tradicionais, por norma, as regras são iguais para tod@s. E no desporto, é justa a 'Guerra dos Sexos'?

A tenista Serena Williams não descansou enquanto não conseguiu que o prémio monetários dos Grand Slams fosse igual no torneio feminino e masculino e, esta semana, o Open dos Estados Unidos anunciou mesmo um recorde oferecendo 5 milhões de dólares para cada um dos respetivos fornecedores. É justo. Ou não, se pensarmos que os tenistas decidem quem será coroado após cinco sets, se necessário, enquanto as tenistas podem celebrar após três.
Depois de se tornar a primeira francesa a vencer o Tour, Pauline Ferrand-Prévot fez estalar o verniz quando assumiu que tinha perdido quatro quilos para estar na melhor forma possível para as nove etapas da Volta a França. Não é saudável, dizem os especialistas e médicos, corroborados pela ciência. Não é seguramente, mas Pauline insistiu que era a sua forma de se preparar e assumiu o risco de o ter feito. Queria ganhar. Ganhou, além do prestígio, 50 mil euros. Um décimo do prémio guardado para o esloveno Tadej Pogacar, meio milhão de euros, pelos quais pedalou durante 21 etapas, mais do dobro das estipuladas para a corrida feminina, durante três semanas, mas a quem ninguém perguntou se tinha perdido peso para se preparar para as duras montanhas onde, este ano, até se permitiu um esforço controlado, sem as explosivas e emocionantes arrancadas.
Há menos de um mês, as basquetebolistas escolhidas para o All Star da WNBA entraram para aquecer com uma camisola onde podia ler-se «Paguem o que nos devem» um recado direto aos patrões que negoceiam um novo contrato na Liga de basquetebol americana, onde os homens recebem aproximadamente 50 por cento da receita que geram e as jogadoras cerca de 10 por cento. Shaquille O’ Neal diz que falta espetáculo, porque não há afundanços e a culpa é das regras serem iguais para homens e mulheres. A antiga estrela da NBA sugeriu que baixassem a tabela e o respetivo cesto uns 40 centímetros, sem dizer nada a ninguém, argumentando que a rede do voleibol está mais baixa nas competições femininas do que nas masculinas.
Assisti a algumas corridas de ‘Guerra dos Sexos’ no atletismo em que existia desfasamento entre a saída dos homens e das mulheres, mas no final ganhava quem chegasse primeiro.
Billie Jean King aceitou o desafio do fanfarrão Bobby Riggs em 1973 para um jogo em igualdade de circunstâncias, a verdadeira Guerra dos Sexos.
A partida foi transmitida na televisão para milhões e encheu páginas e horas de televisão, perdurando até hoje. Mais, foi um marco na luta pela igualdade de género no desporto e na sociedade, quem ninguém pode ficar indiferente. Riggs tinha 55 anos e Billie Jean King 29 e ela venceu por 6/4, 6/3 e 6/4, além de 100 mil dólares.
Passaram 52 anos e, se calhar, não vivemos tempos assim tão diferentes, na certeza, porém de que as diferenças existem e todos deveríamos aprender a viver com elas. Com eles. E com os outres, como manda a linguagem neutra, onde o género se esfuma na vontade de cada um."

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