"Estou convencido de que quando o leitor começar a ler esta crónica já teremos recebido uma informação que queremos evitar todos os anos: o Benfica falhou a conquista do campeonato nacional. Não haverá festa no Marquês, saltos no topo do autocarro ou a entrega do prémio atleta-mais-rápido-a-ficar-digamos-ligeiramente-embriagado.
Custa-me imenso esperar mais um ano para descobrir o sucessor do Jonas. O Markovic e o Renato Sanches fazem parte desse palmarés composto por várias nacionalidades. Continuo sem saber se nesse histórico de vencedores está também pendurada a bandeira argentina ou a peruana, porque ainda hoje tenho dificuldade em perceber se o campeão de 2016 foi o Cervi ou o Carrillo. Empenharam-se ambos ao máximo para levantar o galardão. É uma pena que naquela altura ainda não existisse VAR para ajudar a esclarecer esta dúvida.
Felizmente, a década que agora se completa (2010-2020) foi bem melhor que as duas anteriores. Aliás, nos últimos cinco anos o Benfica vestiu tantas vezes as faixas de campeão quanto entre 1990 e 2010 (quatro). Porém, o Benfica não pode viver escondido no passado, recente ou longínquo, deve, sim, manter o foco no futuro e exigência máxima. Não consigo encontrar explicação para o descalabro desta segunda volta, especialmente depois de uma brilhante primeira metade. Não vale a pena construir um muro das lamentações, agora o centro das atenções tem de se dividir entre a final da Taça de Portugal e o planeamento da próxima temporada. Espero que o FCP, seja muito cuidadoso com os festejos. Tenho receio de que o Alex Tellles fique contaminado pelo vírus e ninguém o leve para outro campeonato."
Pedro Soares, in O Benfica
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