"Águia é melhor e esteve melhor; a importância defensiva do triângulo; os sinais dos tempos
Dentro do campo
1. Viu-se um Benfica de continuidade na composição do onze (apenas uma alteração, com Castillo no lugar de Ferreyra), no modelo táctico e na ideia de jogo. Uma equipa estável, com níveis de confiança assinaláveis, previsivelmente resultantes das vitórias nos dois jogos oficiais anteriores, diante do mesmo Fenerbahçe, na primeira mão, e do Vitória de Guimarães.
O Benfica é melhor equipa do que o Fenerbahçe e esteve melhor no jogo, com superioridade em todos os parâmetros. Soube explorar de forma positiva a vantagem numérica no corredor central, trÊs contra dois - Fejsa, Gedson e Pizzi para Topal e Elmas -, e a falta de cobertura nos corredores por parte de Valbuena e Ayew, que não acompanhavam André Almeida e Grimaldo, assim como a indecisão do adversário na reacção à perda da bola (hesitação entre pressionar alto ou baixar, não fazendo bem nem uma coisa nem outra), o que deixava muito espaço entre linhas para aproveitar. O Benfica chegou ao golo com naturalidade e devia também chegar em vantagem ao intervalo, não fora a desatenção defensiva da dupla Salvio e André Almeida na direita (que, aliás, já tinha antecedentes), da qual acabou por resultar o golo do empate.
No segundo tempo, reacção previsível por parte do Fenerbahçe, com as alterações feitas, surgindo com linhas mais curtas, capacidade de pressão mais próxima da baliza e algumas tentativas de finalização que acabaram por não resultar. A resposta do Benfica foi inteligente, quebrando o jogo, baixando o ritmo e tentando ter a bola o maior tempo possível, perdendo com isso, naturalmente, profundidade ofensiva. Foi uma segunda parte menos conseguida do que a primeira, mas o objectivo foi alcançado.
Destaques genéricos
- Excelente trabalho defensivo da equipa benfiquista, que defendeu muito melhor do que atacou.
- O triângulo constituído por Jardel, Rúben Dias e Fejsa, os primeiros muito concentrados e eficazes, o último muito inteligente ao nível das coberturas à frente dos centrais.
Destas individuais
- Gedson, uma jovem surpresa que se vai afirmando, com o particular de ter conseguido o golo.
- Alfa Semedo, uma aposta de continuidade na ousadia da juventude.
Fora do campo
2. O campeão europeu, Portugal, vê um dos seus mais ilustres representantes, o Benfica, vice-campeão nacional, obrigado a duas eliminatórias para chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões. Sinais dos tempos. Ano após ano, como que atacado por um mal que parece não ter cor, sabor ou cheiro, as nossas melhores equipas vão soçobrando cada vez cada vez com maior frequência aquando dos seus confrontos internacionais. O desequilíbrio orçamental, disparidade de meios e baixa competitividade interna que daí resulta são factores determinantes para a galopante redução dos resultados desportivos, que na Champions, quer na Liga Europa. As tais cores, sabores e cheiros são de há muito conhecidas, só aqueles que beneficiam de situação de privilégio e cujos horizontes são curtos e fazem por não ver. A não ser alterado o quadro interno, serão eles, a curto prazo, os maiores prejudicados. Pena..."
Manuel Machado, in A Bola
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