"1. Um director de comunicação deve dar entrevistas a jornais? Se sim, porquê?
Um director de comunicação numa entidade com as características de um clube com a dimensão global do Sport Lisboa e Benfica assume muitas vezes o papel de porta-voz da instituição, sendo natural que dê entrevistas sobre temas da actualidade aos mais variados órgãos de comunicação social. Mas os principais protagonistas mediáticos de um clube devem ser o presidente, os órgãos sociais, os treinadores e os atletas.
2. Dado o seu passado profissional, o director de comunicação representa um papel, ou melhor, é forçado a representar um papel público quando assume funções para chegar aos seus adeptos?
O vínculo [Luís Bernardo foi jornalista e assessor] que tenho ao SLB é no âmbito de uma prestação de serviços, através de uma empresa de comunicação na qual sou administrador. Sou profissional com mais de 20 anos de direcção de diferentes entidades ao nível de comunicação, nunca fui nem sou forçado a fazer qualquer papel imposto que contrarie a minha vontade. No Benfica não se entende este cargo como uma espécie de animador ou instigador.
3. Ainda consegue retirar prazer ao ver um jogo de futebol?
Claro que sim.
4. Assume alguma responsabilidade nesta escalada verbal que se assiste em alguns programas de TV?
Nunca me viram a responder a jornalistas e comentadores e tenho procurado manter um registo institucional na comunicação do clube.
5. Qual o envolvimento dos presidentes na elaboração destas estratégias de comunicação?
O presidente define as grandes linhas de orientação em todas as áreas relevantes do clube, e depois a concretização dessa estratégia e a gestão do dia a dia é feita pelos profissionais dos diversos sectores.
6. Os treinadores estão a par e/ou são chamados a envolverem-se?
Existe uma articulação entre a comunicação institucional e o futebol, respeitando-se claramente as naturais especificidades de cada área. Aqui não é necessário haver recados ou clarificações sobre, por exemplo, quem fala em nome do futebol do clube.
7. Porquê a existência de programas de televisão como “Chama Imensa” e “Universo Porto da Bancada”?
O “Chama Imensa” é um programa que existe há três meses na BTV e está em linha com diferentes programas de análise aos jogos do fim de semana. É perfeitamente natural e justificável a sua existência, desde que a denúncia de determinadas situações não seja o único fundamento para a sua existência.
8. Programas como estes fazem parte de uma estratégia comunicacional? Com que objectivo? E que dividendos se retiram daqui?
Não podemos comparar um programa que há mais de um ano faz da sua essência o ataque sistemático a um outro clube rival com um programa como o “Chama Imensa”, que só esta semana esteve a abordar especificamente um conjunto de informações que entendeu tornar públicas.
9. Tem noção que a agressividade deste tipo de comunicação está a prejudicar o futebol português?
Quando um programa que existe tem como base uma suposta informação roubada a outro clube e se divulga troca de correspondência privada está tudo dito. É um crime cometido semanalmente.
10. Qual o papel que os directores de comunicação devem tomar para contribuir para a pacificação do actual estado do futebol português?
Muitas vezes fomos acusados até de demasiada descrição e sobriedade. Essa atitude até foi apontada como um defeito, mas partia da convicção de que perante o descontrolo dos nossos rivais mais tarde ou mais cedo tudo se tornaria insustentável. Por outro lado, temos a lucidez de fazer uma autocrítica em determinadas situações. Ainda recentemente houve um tweet pouco feliz da nossa parte, que indirectamente afectou um árbitro que é respeitado pela sua honestidade e integridade, que foi o caso do Artur Soares Dias.
11. Já foi retirado algum patrocínio ao clube face ao tipo de comunicação que está a ser praticada?
Por outro lado, algum patrocinador já se manifestou incomodado com este tipo de estratégia?
Apesar do ruído e clima gerado, até hoje ainda nada ocorreu.
12. Os presidentes da Liga e da Federação Portuguesa de Futebol já falaram consigo ou recomendaram algum tipo de atitude?
Penso que no meu caso tal não é necessário e, como tal, talvez por isso, nunca ocorreu.
13. As intervenções nas redes sociais por parte dos directores de comunicação contribuem também para alimentar o clima de crispação do futebol português?
Não tem sido essa a minha atitude, infelizmente outros têm outras opções. O resultado não é bom.
14. Se nos anos 80 e 90 os clubes tivessem as suas próprias televisões e as redes sociais já existissem, o que hoje se passa, passar-se-ia nessa altura?
Muitas das discussões de café e entre amigos têm agora uma oportunidade de serem ampliadas através das redes sociais de acesso livre e noutros espaços mediáticos. Não é possível comparar realidades diferentes, nos termos e nos ritmos.
15. Os directores de comunicação dos clubes falam com os comentadores desportivos para os preparar antes dos debates?
Não passemos esse atestado de menoridade à grande maioria dos comentadores. Agora, estou sempre aberto para dar esclarecimentos sempre que sejam solicitados."
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