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terça-feira, 24 de outubro de 2017

O misterioso desaparecimento de Bastos

"O Benfica foi ao Brasil para um grande torneio chamado Charles Miller, considerado o pai do futebol brasileiro. Estávamos em 1955, e a presença encarnada foi tremendamente elogiada. E houve um episódio caricato.

Hoje vamos até 1955, nestas habituais viagens pela história do Benfica e das suas gentes. Voa a águia de Lisboa a 17 de Junho de 1955 com regresso marcado para o dia 3 de Agosto. Mas igualmente popular.
É de estalo!
América do Sul - Brasil.
No primeiro jogo, no Maracanã, frente ao Flamengo, uma enorme multidão acompanha as peripécias da partida.
O Flamengo tem jogadores enormes, internacionais brasileiros como Rubens, Índio, Esquerdinha ou Evaristo, o Evaristo de Macedo, que não tardaria a enfrentar de novo o Benfica, mas já com a camisola do Barcelona e, depois, do Real Madrid. É ele, precisamente, que desbloqueia o resultado de um jogo equilibrado cujo vencedor esteve em dúvida até ao fim. A exibição do Benfica é de enorme categoria, e Coluna é imponente no meio-campo, levando os brasileiros a compará-lo ao famoso Didi. 'Mesmo perdendo, o Benfica fez sucesso', gritava a manchete de A Noite. Por seu lado, A Última Hora deixava claro: 'A sensação do Maracanã foi o Benfica!' Os encarnados estavam na ribalta.
'O Benfica salvou o torneio!'
O Flamengo-Benfica foi o jogo de abertura do Torneio Charles Miller, torneio levado a cabo para homenagear aquele que é considerado como o pai do futebol brasileiro.
Com jogos disputados no Rio de Janeiro e em São Paulo, contava com a presença de quatro equipas brasileiras - Flamengo, América do Rio (que visitara Lisboa dois anos antes), Corinthians e Palmeiras; uma equipa uruguaia - Peñarol de Montevideo; e uma equipa portuguesa - Sport Lisboa e Benfica.
Torneio de envergadura impressionante de pensarmos que as equipas teriam de se defrontar todas entre si. Vejamos como foram os resultados, jornada a jornada, para depois nos debruçarmos sobre os resultados do Benfica.
1.ª jornada - Flamengo, 1 - Benfica, 0; Palmeiras, 2 - Peñarol, 2;
2.ª jornada - Corinthians, 2 - Palmeiras, 1; América, 1 - Flamengo, 0;
3.ª jornada - Flamengo, 0 - Corinthians, 3; Benfica, 2 - Peñarol, 0;
4.ª jornada - Palmeiras, 1 - Benfica, 2; América, 4 - Peñarol, 1;
5.ª jornada - Flamengo, 5 - Palmeiras, 3;
6.ª jornada - América, 4 - Benfica, 1; Corinthians, 2 - Peñarol, 2;
7.ª jornada - Corinthians, 3 - América, 1;
8.ª jornada - América, 2 - Palmeiras, 2;
9.ª jornada - Flamengo, 2 - Peñarol, 1; Corinthians, 2 - Benfica, 1.
Nove jornadas disputadas entre 19 de Junho e 10 de Julho. Um verdadeiro campeonato. Que teve esta classificação final:
1.ª Corinthians, 9;
2.ª América, 7;
3.ª Flamengo, 6;
4.ª Benfica;
5.ª Palmeiras, 2;
6.ª Peñarol, 2.
O Benfica, ainda que ficando longe da vitória na competição, sempre se conseguiu intrometer na ditadura brasileira que apontava quatro equipas para os quatro primeiros lugares, não jogassem elas em casa. Por outro lado, encantava os organizadores da prova que viam com que facilidade a equipa encarnada enchia os estádios onde jogava, tornando-se na grande coqueluche do torneio com um futebol cheio de movimentos e alegria.
Nos cofres da Confederação Brasileira dos Desportos, patrona do Torneio Internacional Charles Miller, tinham entrada nada menos de 8 milhões de cruzeiros só nos primeiros quatro jogos em que o Benfica participara... 'Entre o Maracanã e o Pacaembu, o Benfica salvou o torneio', escrevia a imprensa brasileira. E algumas exibições são de encher o olho, como a do Parque Antárctica, em São Paulo, frente ao Palmeiras do grande Jair Rosa Pinto, vice-campeão do mundo pelo Brasil em 1950, que viera do Flamengo e sairia para o Santos no ano seguinte, com vitória por 2-1 golos de Águas e Coluna. Ou a decisiva para as contas do torneio, também em São Paulo, mas no Pacaembu, face ao Corinthians do famoso guarda-redes Gilmar (e de Luizinho, Baltazar, Rafael e Nelsinho), na qual a arbitragem do alemão Horst Herden fez o resultado tombar para a equipa da casa com um penalty escandaloso contra o Benfica, definindo a vitória dos paulistas. No jogo e no torneio.
Mas o Benfica partia orgulhoso do Brasil. De Lisboa chegava a notícia de que o clube atingira os 27 000 sócios e se iniciava a campanha dos 30 000. Agora, o destino é Caracas. O guarda-redes Bastos vai mais tarde. Queixar-se-ia, depois, de ter sido abordado na rua por uma mulher escultural ao volante de um descapotável vermelho. Desaparece durante três dias: não se recorda de nada. Afirma que tem uma marca de seringa na nádega. E a memória reduzida a zero."

Afonso de Melo, in O Benfica

1 comentário:

  1. E necessario rever a ligacao do Benfica e dos Benfiquistas ao nojo do revo reco sao psginas de mentiras e trafulhices umas atras fe outras hoje entao

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