"Todos os defesos, impretrívelmente, os não-grandes recebem por empréstimo dos maiores clubes jogadores por empréstimo. Normalmente, jogadores saídos das equipas B com poucas possibilidades de integrar os plantéis da casa-mãe e que têm oportunidade de jogar com regularidade, acelerar o crescimento e confirmar ou não credenciais. Sempre assim foi, sempre assim será e na última temporada até foi introduzida a norma de não serem permitidos mais de três por cada equipa. Até aqui, tudo mais ou menos bem.
No entanto, para ludibriar a norma, nos últimos tempos há quem compre o passe de jogadores, o trespasse rapidamente para outro clube com manobras contabilísticas nas quais os direitos económicos ficam em determinado clube, mas existem cláusulas de recompra que não implicam pagamentos em dinheiro vivo. Muitos desses jogadores nem por uma vez envergam a camisola do grande pelo qual assinaram. Estranho? Sim. Complicado? Sem dúvida. Se compromete a integridade das competições? Claramente. Se a Liga já fez alguma coisa para precaver esta situação? Zero, mas também é regulada pelos clubes, pelo que não se pode esperar grande coisa...
Esta manobra, pelo menos a curto prazo, por vezes permite a equipas de menor dimensão segurar-se entre o escalão maior do futebol nacional. Pode chegar para uma época, talvez duas, no máximo três. Mas num domingo qualquer a casa vem mesmo abaixo e quando já não houver margem por um qualquer motivo para receber estes jogadores, se calhar, sobrará muito pouco. Talvez quase nada. «Com as calças do meu pai também eu sou um homem», diz um ditado. Por isso, talvez seja bom por vezes não aceitar vestir as calças dos outros, pois quando estas definitivamente se rompem, fica-se nu. E o armário está vazio..."
Hugo Forte, in A Bola
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