"De todas as adversidades, a doença foi a pior que Espírito Santo enfrentou. Mas, tal como de todas, saiu vencedor.
Em 1936, Guilherme Espírito Santo, com apenas 16 anos, estreou-se oficialmente na equipa principal do Benfica, na 1.ª jornada do Campeonato de Lisboa, frente ao Casa Pia. Em Novembro de 1937, realizou o primeiro jogo por Portugal, contra a Espanha. O seu enorme talento parecia não deixar ninguém indiferente.
Em 1940, após ter estado ao serviço da selecção nacional numa partida realizada em Paris, frente à França, adoeceu gravemente, ficando afastado da prática desportiva por largos meses. Contudo, habituado a driblar as adversidades, o 'Pérola Negra' voltou, meio ano depois, a envergar a camisola de águia ao peito para defrontar o Barreirense, a 23 de Junho. Recebido sobre uma enorme ovação do público, foram-lhe entregues pelos 'seus companheiros e todo o «team» barreirense (...) lindos ramos de flores'. O jogador agradeceu a recepção da maneira que melhor sabia, com uma exibição brilhante coroada com dois golos na vitória 'encarnada' por 5-2. A imprensa elogiou o seu regresso: 'Espírito Santo teve, de facto, uma reaparição feliz, conservando intactas as qualidades reveladas antes da doença'.
Jogou o resto da temporada e a seguinte. Porém, quis o destino pregar uma nova partida e o jogador teve uma recaída que o afastou durante duas épocas inteiras, surgindo a dúvida se conseguiria voltar ao futebol. A resiliência do 'Pérola Negra' e o seu enorme gosto pelo desporto fez com que não desistisse e conseguiu sair vitorioso. A 24 de Outubro de 1943, num encontro da equipa de reservas contra o Unidos, Espírito Santo voltou aos relvados: 'entrou em campo aos ombros dos seus companheiros de equipa (...) uma manifestação vibrante, calorosa, entusiástica, encheu o campo de lés-a-lés. Em todos os sectores, de pé, os espectadores aplaudiram freneticamente'. A partida foi difícil, os benfiquistas jogaram bastante tempo com nove unidades. Ainda assim, venceram o jogo, com a contribuição de Espírito Santo, o que levou a imprensa a afirmar que 'o valoroso jogador fez exibição agradável, demonstrando recursos para voltar à sua anterior posição no Benfica e no futebol português'. Jogou ainda até 1949, altura em que 'pendurou as botas' após uma carreira fantástica.
Pode ficar a saber mais sobre este sensacional jogador na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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