"Quando eu era miúdo e andava na Escola Primária hoje, Ensino Básico - quem fazia asneira ficava de castigo. Se alguém respondia mal à professora, ia para a fila da frente. Quem batia num colega, perdia o recreio. Mas isso era com a minha professora, a D. Fernanda, porque com outros educadores a coisa não era assim tão pacífica. Entre uma bofetada bem dada, uma reguada aplicada ao centímetro ou um bilhetinho para os pais, tudo era possível, independentemente de quem era o prevaricador. Fosse o melhor ou o pior aluno, o filho do médico ou do torneiro mecânico. E não havia hipótese de recurso quando se era apanhado em flagrante.
É o oposto do nosso mundo do futebol. Neste universo paralelo, há quem passe os dias a insultar e a dar indicações para outros insultarem. Há quem atice matilhas contra adeptos adversários e até quem, trinta anos de corrupção depois, chore pelos cantos por uma grande penalidade não assinalada. Há de tudo neste circo, mas só alguns são castigados e suspensos. No caso de Luís Filipe Vieira então, condenado sem provas e segundo critérios bastante dúbios.
Os dois pesos e duas medidas das autoridades que mandam no futebol português são difíceis de entender para os adeptos que não usam palas nos olhos. Isto é tudo muito simples. Se o presidente do meu clube cuspir em cima de alguém, não hesitarei em condená-lo e aguardar pelo merecido castigo. Não vou fazer fumaça para enganar a verdade. Se o presidente do meu clube insultar outro dirigente desportivo ou criticar - justa ou injustamente - um árbitro incompetente, terei de aceitar as consequências. Mas quero que isso aconteça com todos os que fizeram o mesmo. Isso não se passa agora. E é uma vergonha."
Ricardo Santos, in O Benfica
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