"Que não haja dúvidas sobre um dos mais belos predicados da vida real: a misteriosa capacidade de ultrapassar os limites da imaginação ou do onírico. Na verdade, por mais fantasiosa ou épica que uma vida ideal possa parecer, ainda assim as malhas tecidas pelas concretas circunstâncias da realidade - ou seja, da única vida que, de verdade, existe mesmo - conseguem sempre surpreender pelo espanto. Cá estará o dia de amanhã como mais um exemplo de excelência para o comprovar.
A final do Europeu é, e não poderá deixar de ser, um jogo de futebol. Mas engana-se redondamente quem julgar que se trata só de um jogo de futebol. Assim como se poderá dizer com plena propriedade, parafraseando uma famosa lição, que quem só saiba de futebol nem de futebol afinal saberá, também quem ignorar o - como designá-lo? - lado lunar do futebol estará a desprezar uma dimensão nuclear da realidade.
Nunca apreciei os queixumes e lamentos ordinariamente invocados como supostas causas justificativas dos insucessos, mesmo quando estejam sustentados em factos reais, o que, aliás é raro, e não sejam apenas resultantes do delírio latente, da má fé consciente ou da cobardia escondida pela falta de vergonha. Por isso, simetricamente, não há porque aceitar a atribuição principal do êxito à sorte do jogo, à cumplicidade do sorteio ou à benevolência das arbitragens. Sem mérito ninguém chega aonde de onde amanhã vamos partir.
O mundo inteiro cabe numa bola de futebol. Aos incréus: é favor perguntar a Raphael Guerreiro, Anthony Lopes ou Adrien Silva. Ou também aos ancestrais lusos de Antoine Griezmann, para não mencionar já os de Matuidi.
Obrigado selecção nacional! Parabéns! E para bem!"
Paulo Teixeira Pinto, in A Bola
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