Por vezes, observando o desolador aspecto de muitas bancadas vazias, em jogos da Liga portuguesa, interrogamo-nos sobre a verdadeira dimensão do vínculo existente entre o futebol e os adeptos. Normalmente, atribui-se ao concurso de diversos factores - fraca qualidade do espectáculo, preços demasiados altos e horários impróprios - a ausência de público, deixando-se, ainda, a porta entreaberta para a possibilidade do entusiasmo pelo jogo estar a perder fôlego. No meio destas dúvidas, porém, surgem exemplos que devolvem a esperança e apontam caminhos. Ontem, em Arouca, com a RTP a transmitir em canal aberto, 3800 espectadores, maioritariamente jovens, assistiram ao Portugal-Albânia em sub-21 (e mais seriam se a UEFA não impedisse a utilização amovíveis) um número superior aos 3000 (jogo dado pela Sport TV) que presenciaram, há escassos dias, no mesmo palco, o Arouca-Sporting. Através deste exemplo, creio não ser abusivo colocar de lado a tese de que há um menor interesse pelo futebol. A vontade de ir ao estádio permanece intacta, o desejo de fazer a festa ao vivo sobrepõe-se à opção televisiva. Se a este factor juntarmos uma política de preços mais de acordo com o país real e uma lógica de horários que não seja dissuasora, haverá forma de inverter o caminho de desertificação das bancadas em que estamos enredados. Infelizmente, muitos clubes ainda não perceberam que não há bem mais precioso do que ter espectadores nos estádios. É essa a mola real do desenvolvimento. A FPF continua, neste particular, a dar lições. E às vezes até fica a sensação de que anda a pregar no deserto."
José Manuel Delgado, in A Bola
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