"E depois da profunda decepção que se revelou a Volta à França, no que tange à presença portuguesa, em especial pela prestação e subsequente desistência de Rui Costa, bem como pela ausência de um vencedor nacional da nossa Volta, eis que na magnífica Vuelta ainda em curso dois corredores lusos se têm destacado de forma a roçar a exuberância.
Primeiro foi José Gonçalves, o qual, aliás, já tinha sido merecedor do maior destaque na nossa principal prova doméstica. Agora em Espanha confirmou, e até reforçou, o que parecem ser os seus maiores predicados, como a coragem e a combatividade (que não são sinónimas...), além do talento próprio, claro está. Atributos que já lhe poderiam ter rendido uma vitória. Mas ela acabará por chegar, é seguramente só uma questão de tempo.
Já quanto a Nélson Oliveira, o campeão nacional de contra-relógio, não se poderá falar, em bom rigor, de mais uma revelação, e muito menos de uma promessa. A verdade é que se trata de uma real e indiscutida confirmação, porquanto vem demonstrando, época após época, um desenvolvimento competitivo manifestamente sustentado, por exemplo ao nível do desempenho em alta montanha, conforme esta semana ficou comprovado, a título definitivo, com a contundente exibição na etapa rainha da Vuelta. E ainda está por disputar aquela em que se deverá tornar a todos patente a sua valência mais distintiva, a saber, a luta contra o cronómetro, em que conquistará o reconhecimento como membro efectivo do restrito clube dos melhores especialistas do mundo. A sua vitória de ontem foi assim, estou certo, a prova do amadurecimento de uma classe inata. E por isso apenas a primeira de uma carreira ascendente."
Paulo Teixeira Pinto, in A Bola
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