"Aquele depoimento do Zé Maria, descendente de pescadores, antigo jogador do Varzim, ficou nos anais da bola, no anedotário da coisa. «O André é o melhor trinco do mundo, eu sou o melhor trinco da Europa.»
Tenho-me lembrado dessa frase nos últimos tempos, para justificar uma que venho repetindo com frequência. «O Pedro Proença é o melhor árbitro do mundo, exceptuando Portugal». Anedota? Laracha? Porque não realidade? O futebol, nos últimos anos, mudou muito. A bola está mais culta, esperta, fala melhor. Expressões como “chutei com o pé que tinha à mão” ou “estou com uma lesão de stress no joelho” são peças arqueológicas. Hoje, os protagonistas, jogadores e treinadores, têm discurso, muitas vezes escorreito, sumarento, vivificante.
Nos anos 60, os atletas da Académica eram quase excepção num panorama medíocre, sempre que a bola se dava à conversa. Legitimava-se, jocosamente, a ideia de que os futebolistas só tinham inteligência na ponta das chuteiras. Manuel António, Mário e Vítor Campos, Gervásio ou Artur Jorge grifavam a diferença. Na actualidade até nas televisões, antigos executantes cujas carreiras se concluíram há pouco, nada ficam a dever a muitos intelectuais que debitam sobre o universo futebolístico.
As gentes da bola estão a ganhar um novo campeonato, o da palavra, das ideias, da sabedoria. As chuteiras não deixaram de falar, mas as bocas abrem-se para análises com agilidade mental e sem autogolos na língua-mãe. Ainda assim insisto que «Pedro Proença é o melhor árbitro do mundo, exceptuando Portugal»."
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