"«La Vecchia Signora»: A Velha Senhora. É assim que lhe chamam. Poderia haver alcunha mais sinistra para um clube? Não é fácil encontrá-la. A Velha Senhora é o clube do poder. Não do poder eleito, mas do poder constituído. O poder das grandes famílias: o velho poder. A história da Velha Senhora é uma história muita antiga, cheia de episódios macabros. A Velha Senhora tem o armário cheio de esqueletos. Houve tempos em que os patrões da Velha Senhora eram, simultâneamente, os patrões da marca de automóveis que patrocinava os árbitros. Só uma voz se levantou, no Parlamento, para denunciar tal atrocidade. Calaram a voz. E os árbitros continuaram, por muito mais anos, a viajar em automóveis construídos pelos patrões da Velha Senhora são, também, patrões de uma poderosa cadeia de meios de Comunicação, à qual pertencem dois dos maiores jornais de Itália.
A Velha Senhora foi sempre tratada com a consideração que é devida a uma senhora velha nas páginas desses jornais. E a Velha Senhora tinha vícios secretos que não convinha serem divulgados, pois um manto de silêncio tratava de envolver confortavelmente os ombros da idosa figura. A Velha Senhora teceu durante décadas uma teia de sedosa corrupção. E viveu convicta de que nada poderia, alguma vez, pôr em causa o seu poder antigo. O problema dos velhos senhores é que o tempo passa por eles e eles não dão pelo passar do tempo. E a Velha Senhora sofreu a ignomínia do escândalo e o ferrete da vergonha.
A história parece-vos conhecida? Não estranhem. Há gente que além de carecer de seriedade tem falta de imaginação. Esta semana a Velha Senhora queixou-se dos árbitros. A falta de subservivência, a ausência dos favores de outrora, fazem confusão à anciã. Não apenas a ela. Também a outros esclerosados senhores cuja memória fede de episódios podres. A Velha Senhora dificilmente deixará de ser intimamente corrupta. Mas não é só ela, pois não?"
Afonso de Melo, in O Benfica
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