"A memória dos adeptos é curta. Quando Jesus chegou ao Benfica, o clube estava de rastos: tinha ficado em 3.º lugar no campeonato e não passara da 5.ª eliminatória da Taça de Portugal e da fase de grupos da Taça UEFA.
Jesus operou o milagre de não só ganhar logo o campeonato, mas praticar um futebol como há muitos anos não se via na Luz. E na “horrível” época passada, conseguiu o 2.º lugar no campeonato, ganhou a Taça da Liga, e chegou às meias-finais da Taça de Portugal e da Liga Europa. Mas não foi assim tão mau...
Jesus iniciou no Benfica um ciclo novo: implantou um padrão de jogo, deu um estilo ao futebol encarnado e projetou o plantel, valorizando jogadores que já renderam (ou vão render) muitos milhões ao clube: Di María, David Luiz, Coentrão, Gaitán, Emerson.
Por tudo isto, o Benfica devia começar a pensar fazer de Jesus uma espécie de Ferguson da Luz. Um treinador da velha guarda, que não aderiu a modas de circunstância, que conhece muito bem os meandros do futebol, que tem pulso de ferro e garante boas exibições, mesmo quando não ganha.
Com Jesus, o Benfica valerá sempre mais – como acontece com o Manchester United de Ferguson.
Jesus devolveu a esperança aos benfiquistas, sendo em muitos anos o único treinador que o conseguiu. E o clube tem de agarrar isso com ambas as mãos, iniciando um ciclo novo que faça esquecer os tempos Jupp Heynckes, Camacho, Toni e companhia.
Se Jesus saísse, o Benfica voltaria à estaca zero, à instabilidade interna, à descrença, aos tempos em que a equipa passava um jogo inteiro sem criar uma oportunidade de golo. Seria inglório se isto acontecesse."
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