"A ideia era falar com um jogador sueco, conhecedor de Portugal, sobre o exemplo da Suécia em lidar com a covid-19, mas a conversa com Anders Andersson, que jogou no Benfica e depois no Belenenses, entre 2001 e 2005, rapidamente chegou a como o típico sueco "é o oposto do Zlatan", às aulas de português com Miguel no quarto, ao contacto que ainda mantém com Tiago e Fernando Aguiar, o "grande e bruto luso-canadiano" e ao carinho que nutre pelos portugueses: "Adoramos a mentalidade dos portugueses de não encararem tudo sempre de forma tão séria - se não podes mudar uma coisa, para quê estares a preocupar-te?"
Como estão as coisas na Suécia, em relação ao coronavírus?
Claro que é uma situação muito difícil, especialmente em Estocolmo, onde houve problemas graves. Eu estou em Malmö, no sul, onde também há cuidados, claro. Como todos sabem, a Suécia não fechou o país e muitos países criticaram a decisão. Mas é normal, porque cada um acredita que o que está certo é o que se está fazer. Acho que... ah, vou mudar para inglês!
Claro, força.
É um caso delicado, tenho de encontrar as palavras certas. A Suécia é bastante diferente de outros países, porque não fechámos as escolas, nem todas as lojas. O nosso governo clarificou, logo ao início, numa conferência de imprensa em conjunto com a Agência de Saúde Pública, que não tínhamos de fazer isto ou que estávamos proibidos de fazer aquilo. Disseram: por favor, façam isto para ajudar o país. Não nos disseram o que tínhamos que fazer, disseram o que queriam que fizéssemos. E acho que crescemos com a confiança dos nossos líderes e também acho que acreditamos neles, portanto, nesse sentido, foi bom, porque cada um assumiu a sua responsabilidade. Eu fiquei com os meus filhos em casa, mas as escolas para os miúdos mais velhos fecharam. Os meus ficaram em casa durante 10 dias.
Porquê?
O meu filho de 8 anos estava com o nariz entupido, nada de especial, normalmente iria à escola na mesma, mas ficou em casa, juntamente com a minha filha, que tinha tosse. Também acabou por não ser nada, mas disseram-nos que, ao mínimo sintoma de qualquer coisa, para ficarmos em casa. Acho que toda a gente assumiu esta responsabilidade e por isso é que as coisas estão ok. Mas claro que tivemos muito mais mortes do que os outros países do norte da Europa.
Portugal e Suécia têm uma população semelhante, à volta dos 10 milhões. Mas vocês já registaram mais do dobro das mortes (1.074 - 2.854, na quarta-feira) causadas por covid-19.
Sim, mas, como dizemos aqui, se vamos comparar, contamos as mortes agora ou daqui a dois anos, quando isto acabar? Porque fechar o país também é um risco, pois, quando se volta a abrir, o que acontece? O vírus ainda vai lá estar? Provavelmente sim, portanto é sempre uma questão de equilíbrio. Vamos ver o que acontece, mas espero que as coisas não venham a ser tão más quanto algumas pessoas pensam. O problema aqui na Suécia é que mais de metade das mortes aconteceram em lares de idosos. Em Estocolmo, acho que à volta de 30% das enfermeiras que trabalham em lares não dormem apenas num sítio, vão de um sítio para o outro, portanto isso foi um problema e contribuiu para piorar a situação. Compreendo que as pessoas digam que isto é de loucos e que a Suécia está a arriscar vidas, mas estou muito orgulhoso do nosso país. Acho que também tem a ver com o bom-senso. Temos as lojas abertas, mas está indicado em todo o lado, no chão, onde podemos ou não estar e a maioria das pessoas estão a respeitar-se. Tem de haver um equilíbrio: tens de lutar contra o vírus, mas não te podes esquecer de viver e do futuro. O que aconteceria se fechássemos tudo? O país acabaria por entrar em bancarrota e todas as empresas ficariam com graves problemas.
Também é uma questão cultural e social. Do que conheces de Portugal, achas que essa estratégia resultaria por cá?
[Ri-se] Entendo o que dizes. Primeiro que tudo, eu e a minha família adoramos Portugal, adoramos a mentalidade e tudo o que vem com o país. Mas, neste caso, talvez a nossa estratégia resulte aqui porque as pessoas confiam no governo. O primeiro-ministro sueco não disse "acho que é isto que devemos fazer". Disse: "Eu, tal como vocês, estou a ouvir os especialistas". Neste momento, a pessoa mais famosa na Suécia é um tipo de quem ninguém tinha ouvido falar há cinco meses. E as pessoas confiam nele. Em Portugal, e é por isso que gostamos tanto do país, as coisas não são tão rígidas. Os suecos também são relaxados, mas, de certa forma, são rigorosos. Adoramos a mentalidade dos portugueses de não encararem tudo sempre de forma tão séria - se não podes mudar uma coisa, para quê estares a preocupar-te? Percebo que em Portugal pudesse ser um pouco diferente, é o que dizem também os italianos e os espanhóis. Bom, mas a mentalidade deles é mais "fazemos o que nos apetece, vamos ouvi-los porquê?".
Também é habitual dizer-se por cá que somos muito mais abertos no contacto social, tocamos e abraçamos mais as pessoas e isso não ajuda no combate ao coronavírus.
Bom, somos um país que vem do inverno, mesmo que, em Malmö, que fica no sul da Suécia, não tenhamos tido neve este inverno, acredites ou não. Nos últimos cinco anos, acho que nunca tivemos dois meses de neve. Mesmo que tenhamos a mesma população, a Suécia é cinco vezes maior do que Portugal em tamanho e acho que 70% das pessoas vivem num terço do país. Como vimos de um país frio, quando o sol aparece, estamos na rua a toda a hora, o que tem sido um problema para nós. As pessoas vão aos bares e, ao fim de algumas cervejas, talvez não seja assim tão fácil manter a distância social, já não pensam tanto nisso. É por isso que têm sido um pouco mais firmes e, passadas algumas semanas, as autoridades disseram que isto não ia resultar se as pessoas não ajudassem. Eles abriram os restaurantes e, se for uma família, todos se podem sentar na mesma mesa, mas as mesas têm de estar separadas por uns dois metros.
Em Portugal, quando os dias ficarem mais quentes, há o receio de as pessoas começarem a ir para a praia em massa.
É o que acontece aqui, porque as pessoas foram para a rua, para restaurantes com esplanada. Aqui também está quente se estivermos ao sol. A minha mãe tem 71 anos, está em forma e até a vimos na semana passada no jardim, a alguns metros de distância, mas ela vai jogar golfe com amigos que estejam saudáveis, porque é permitido. E ela diz: "Se vou com a minha melhor amiga e estamos saudáveis, é como sairmos em família". Depois, quando jogas golfe, podes estar sempre a dois metros da outra pessoa e ter cautela, além de que é ao ar livre. E os nossos especialistas têm sido claros desde o início e dizem que não nos querem forçar a estar em casa, porque é muito melhor estarmos cá fora, a apanhar ar fresco, porque o vírus não é tão perigoso ao ar livre, não nos apanha com tanto facilidade como no escritório, em espaços fechados. Mesmo que estejam num grupo de risco, as pessoas estão na rua, mas, por exemplo, passam para o outro lado do passeio caso se cruzem com alguém.
No fundo, confiam que toda a gente respeite as distâncias sociais de segurança a qualquer momento?
É isso que tentamos fazer, mas claro que é difícil. Em 10 anos, o meu melhor amigo criou uma consultora, estava a correr muito bem, mas os seus dois maiores clientes, que eram a Volvo e o Ikea, não quiseram mais trabalhos de consultoria. E, de repente, ele tem 50 pessoas a quem tem de pagar salários e não há dinheiro a entrar na empresa. É terrível e se fechas um país é este o risco que estás a correr. É isso que a Suécia quer evitar, tentando chegar a um meio termo.
E tu, trabalhas em quê hoje em dia?
Agora sou comentador de futebol na televisão.
Ou seja, não tens nada para fazer.
Exactamente, estou numa paragem longa. Tento ir fazendo coisas, vou treinando e há sempre coisas para fazer em casa, agora que os miúdos já voltaram à escola. Sou uma pessoa que sempre fez parte de uma equipa, adoro ter pessoas à minha volta, por isso é bastante aborrecido não ter alguém com quem falar. Mesmo que sejamos um país que se mantém mais aberto do que a maior parte dos países na Europa, também estamos fechados - a maioria das pessoas trabalha a partir de casa e não sai para comer fora. Mesmo que não pareça, estamos a levar isto muito a sério. Não te encontras com muitas pessoas, especialmente na minha profissão.
Não é suposto que o campeonato sueco arranque a meio de Junho?
Sim, mas o problema são as viagens. É permitido que nos desloquemos, mas somos aconselhados a não o fazer. O mais longe que já fui desde Março foi, provavelmente, até casa da minha mãe, que vive a uma hora daqui. Como a Suécia é um país muito comprido, não querem que as equipas voem um dia antes para o local do jogo e durmam num hotel, porque isso seria um mau exemplo. A Alemanha vai começar agora, o que será interessante para o resto da Europa ver como corre. A primeira coisa que era suposto jogar-se é a Taça da Suécia, no início de Junho, e talvez queiram jogar os quartos-de-final, as 'meias' e a final em 10 dias. Mas isso é um problema, porque terá equipas de todo o país a defrontarem-se. Se começarem o campeonato, uma possibilidade é que clubes da mesma região se defrontem primeiro, como teres o Benfica a jogar com o Belenenses e o Sporting, e o FC Porto a defrontar o Braga e o Boavista, por exemplo, porque as viagens são um grande problema aqui, além da questão de teres muita gente junta no mesmo sítio. Na Suécia não é permitido haver mais do que 50 pessoas reunidas e se tiveres duas equipas, mais o staff, no estádio, é muita gente. Na Alemanha, acho que vão separar as pessoas por zonas e talvez aí seja possível fazê-lo. Na minha profissão, estamos quase sempre nos estádios a comentar, mas agora dizem-nos que talvez o façamos sentados numa cave em Estocolmo. As pessoas com quem falei nos últimos dias estão bastante cépticas de que poderemos começar em Junho.
Em Portugal, o plano é retomar o campeonato a 30 de Maio.
A grande, grande diferença entre a Suécia e os outros países (excepto a Noruega, acho eu) é que a nossa liga ainda não começou. Costumamos jogar da primavera até Novembro. Para vocês, o Benfica quer bater o FC Porto, não querem que o campeonato termine assim. E como foi possível terem perdido a vantagem que tinham? Incrível [ri-se]. Consigo entender que a Alemanha e Portugal queiram retomar as ligas agora, mas, para nós, é óbvio que queiramos começar também, porque quando o inverno chegar é muito difícil de jogar. Não estamos em pânico porque o nosso campeonato ainda nem começou esta época.
Agora, com tanto tempo livre, aproveitaste para ver jogos antigos?
Sim, e por acaso até vi um jogo que ficou bastante famoso aqui na Suécia, o 2-2 do Europeu de 2004, em Portugal, quando jogámos num grupo com a Itália, a Bulgária e a Dinamarca. No último encontro jogámos com a Dinamarca e a Itália ficou furiosa depois, porque empatámos 2-2 e esse resultado fez com que ambas as seleções se qualificassem. Joguei nesse jogo e os meus amigos italianos dizem que estava tudo combinado. Claro que não fizemos nada. Quando o voltei a ver, perguntei a esses amigos se já tinham voltado a ver o jogo, porque era impossível que tivesse sido combinado! Mas foi divertido, devo dizer que joguei bastante bem até [ri-se].
Ainda jogavas em Portugal nesse altura, no Belenenses.
É verdade. Não estava a jogar muito no Benfica, porque havia o Tiago e o Petit, era um bom meio-campo, com jogadores da selecção portuguesa, e queria jogar no Euro. Tinha medo de perder o meu lugar, portanto perguntei ao [José Antonio] Camacho e ao presidente se podia ser emprestado. Foi perfeito para mim, joguei todos os jogos e fui convocado. Foi um Europeu fantástico para nós e só perdemos nos penáltis com a Holanda.
Para ti foi como jogar numa segunda casa?
Yeah, lembras-te da quantidade de suecos que viajaram?
Foi uma grande festa. Anos e anos depois, alguns portugueses diziam-me: "Os suecos são tão simpáticos, vieram e festejaram sem brigar ou causar problemas". Portugal é um país tão agradável para os suecos visitarem, foi tudo bom, a não ser o facto de termos perdido nos quartos-de-final. Tínhamos uma equipa fantástica, com o Henrik Larsson, o Ljungberg, o Zlatan Ibrahimovic...
Que ainda era bem novo.
Sim, na altura acho que ainda jogava na Juventus. Também havia o Mellberg, era era um grande jogador.
Continuas a falar com alguém dos tempos de Benfica?
Encontrei-me com o Simão e o Nuno Gomes algumas vezes no ano passado. Tento manter contacto, uma vez por ano, tento escrever-lhes quando posso. Estive em Portugal em agosto, para a primeira jornada do campeonato, quando o Benfica ganhou por 5-0 [ao Paços de Ferreira]. Vi alguns dos jogadores antigos, foi bom. Tentamos ir a Portugal todos os anos. Não tenho muitas fotos do meu tempo no Benfica, adoro o clube, adoro as pessoas e adorei essa época. No outro dia, perguntei ao Tiago se conseguia arranjar algumas, mas ele já saiu do Benfica há muito tempo também. Também falei com o Fernando Aguiar, o grande bruto luso-canadiano, que tem boas fotos.
Tens casa em Lisboa?
Não, vendemos a casa há uns anos, era difícil mantê-la à distância. Temos muitos amigos em Portugal, também fora do futebol, mas há pessoas que ainda estão no clube com quem mantenho o contacto. É um clube fantástico.
Foste contratado em 2001, quando o Benfica ainda não estava no ciclo em que está hoje.
Há pouco tempo, um jornal sueco fez uma história sobre jogadores que jogaram em clubes onde, neste momento, a vida não é normal e perguntaram-me se podia contar como foi a minha ida para o Benfica. Na altura tudo era novo, era o primeiro ano do Luís Filipe Vieira e, para mim, foi uma grande transferência. O clube estava a fazer esforços para se estabilizar e, de certa forma, nós fomos o começo de uma nova era. O Benfica não era campeão há muito tempo e começaram a criar algo novo. Estive lá três anos, fiz parte de uma coisa que estava a ser construída e foi muito agradável de assistir a tudo. Na pré-época, tivemos o estádio cheio para um jogo com a Fiorentina, era de loucos.
Como foi para ti mudares de país?
Já tinha 27 anos e já tinha estado na Premier League, com o Blackburn Rovers, durante quase um ano e meio, apesar de não ter jogado muito. Depois, joguei na Dinamarca durante dois anos e estava numa boa fase da carreira. Estava mais bem preparado e, talvez, um pouco mais resistente. A nossa mentalidade, enquanto suecos, é um pouco achar que não somos nada. É o oposto ao Zlatan [ri-se]. Mas isso não é bom quando és futebolista, tens de acreditar em ti próprio e as gerações mais novas já são melhoraram muito nesse aspeto. Mas eu nasci nos anos 70, crescemos com essa influência dos nossos pais, é cultural, não penses que és melhor do que os outros só porque sabes chutar numa bola e esse tipo de coisas. Foi bom porque aprendi a ser um bocado mais duro. Quando fui pela primeira vez a Portugal, disseram-me que me ia encontrar com pessoas do Benfica para tentarmos assinar o contrato, que ninguém sabia de nada e para não contar a ninguém. Quando cheguei ao aeroporto, havia cinco microfones na minha cara e pessoas a gritarem "Andersson! Andersson!". Toda a gente sabia. Foi um pouco um choque cultural para mim. O meu agente tinha-me dito que ninguém sabia de nada, mas em Portugal as coisas são diferentes e aprendi logo isso.
Antes de ti, o Benfica teve o Magnusson, o Thern e o Schwarz, por isso talvez os adeptos estivessem ansiosos por te ver a jogar.
[Ri-se] Bom, não me podia comparar a eles, mas joguei quase 60 jogos pelo Benfica e tenho orgulho nisso. Tínhamos uma equipa boa o suficiente para ser capaz de vencer o campeonato. Estava a ser construída lentamente, mas senti que vinha aí alguma coisa. No meu último ano [2004] ganhámos a Taça de Portugal. Foi agradável ficar a conhecer a realidade de Portugal, eu e a minha mulher adoramos Portugal, até os meus filhos adoram e ainda nem tinham nascido quando vivíamos aí. Não é só uma coisa que digo da boca para fora, é a verdade. Apesar do facto de serem um país do sul da Europa, como Espanha, Itália e França, vocês têm uma mentalidade mais aberta e são mais humildes, não estão sempre a tentar gritar mais alto.
Como era um dia normal para ti em Lisboa?
Vivemos durante dois anos em Alcântara, era fantástico, numa rua praticamente debaixo da ponte. Era uma zona muito confortável e, mais ou menos nessa altura, começaram a construir uma sítio cultural, com restaurantes, bares e discotecas.
É o LX Factory.
Sim, exactamente, há um par de anos até fomos lá e fiquei surpreendido como tinha mudado tanto. Também havia as docas lá perto e não estávamos longe do centro de Lisboa. Caminhávamos muito, estávamos interessados na história e cultura da cidade. E, de repente, muitos amigos queriam visitar-nos em vez de irem a outros países [ri-se].
E fizeste um esforço para aprender português.
Sim, por isso é que estou um bocado desiludido, porque normalmente falo em português quando converso com jornalistas de Portugal, mas, como começámos por falar sobre o coronavírus, senti que era um tema demasiado importante. Quando cheguei ao Benfica, ao fim de uma semana fomos para Nyon, na Suíça, fazer um estágio de pré-época. Fiquei com o Miguel no quarto e foi fantástico porque ele não falava inglês [risos]. É um tipo muito simpático, as pessoas dizem que o futebol o salvou de problemas, mas sempre gostei muito dele. Era novo na altura e queria aprender inglês, portanto ensinámos um ao outro. Já tinha algumas verbos que a minha professora [diz em português] me tinha dado. Tive sorte porque uns amigos da Suécia têm uma tia que fundou uma escola em Carcavelos, nos anos 50 ou 60. Conheceu um marinheiro português em Gotemburgo e mudou-se para lá com ele. É uma mulher fantástica e foi ela que me ensinou. Ao fim de seis meses falei português pela primeira vez numa conferência de imprensa e fiquei orgulhoso. Também ajudou muito o facto de conviver com o Miguel e com outros jogadores que não falavam inglês, obrigavam-me a ouvir a aprender rapidamente.
Forçaste-te a falar português?
Só eu e o Tomo Sokota é que não falávamos, porque o Drulovic ou o Zahovic já estavam há anos em Portugal e sabiam falar.
Quando foste para o Belenenses jogaste com o Rúben Amorim, que na altura estava a começar a carreira e hoje é treinador do Sporting.
É incrível, como é possível? [ri-se] Ele era um grande talento, mas era estranho, porque não tinha corpo de jogador de futebol, mas era muito inteligente no campo e, normalmente, os jogadores inteligentes chegam longe ou tornam-se treinadores. Era um tipo simpático, engraçado e não levava a vida demasiado a sério, mas na altura era jovem.
E também apanhaste o Eliseu, que acabaria por ser campeão europeu com Portugal.
Vi-o a celebrar com a vespa no título com Benfica. Era maluco, mas na altura jogava a extremo. Por acaso, encontrei-o antes de um jogo da selecção portuguesa, não me lembro qual, mas estava lá a comentar para uma televisão sueca, ele apareceu, demos um abraço e conversámos um bocado. Acho que foi em França, no Europeu. Era um grande jogador, mas acho que os treinadores tiveram problemas para lidarem com ele. O Eliseu não era assim tão bom no Belenenses, sinceramente, mas depois foi para Espanha e evoluiu muito. Foi estranho. Dava para ver que tinha talento, mas o contexto, provavelmente, não era o certo para ele. Foi muito bom vê-lo a ganhar com o Benfica e com Portugal. Também falei com ele quando fui visitar o Benfica e o Lindelöf. Fui ao centro de treinos, falei com eles e também com o Luisão.
Continuas a acompanhar os jogos do Benfica?
Sim, claro, porque foram tempos muito bons para mim. Não há muitos clubes como o Benfica no mundo. Jogámos um amigável contra o Feyenoord, no Porto, e o estádio estava cheio porque o Benfica queria agradar aos adeptos que viviam no norte do país. É incrível como isso acontece. Na pré-época, quando fomos à Suíça, era igual. Há muitos adeptos emigrantes lá e só me apercebi quando chegámos ao aeroporto e estavam milhares de adeptos à nossa espera. Não nos esquecemos de coisas como estas.
O que achas do Benfica actual?
É impressionante ver tudo o que alcançaram, sem stress. Tiveram o Jorge Jesus, que esteve muito bem, e quando ele saiu não entraram em pânico, voltaram a ganhar com o Rui Vitória e as coisas têm corrido bem. Na minha altura, as coisas estavam a correr bem ao FC Porto, que tinha o Pinto da Costa há muito tempo, e agora, é o Luís Filipe Vieira que está há muito tempo no Benfica e ter continuidade ajuda. Não é fácil de alcançar, porque é stressante, mas é importante.
Conseguirias comentar um jogo em português?
[Ri-se e troca para português] Preciso de falar mais português no dia-a-dia para fazer isso. Mas sei que o Stefan Schwarz, de vez em quando, comentava na Benfica TV, mas não sei. Adoro Portugal e o Benfica, nunca se sabe, mas tenho de praticar mais."
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