"Sérgio Conceição viu da bancada o FC Porto conquistar o título de juniores. Sentado na cadeira ao lado esteve Pinto da Costa a ver a mesma coisa. Treinador e presidente foram fotografadíssimos juntos como seria de esperar nas actuais circunstâncias. Nos dias seguintes, um e outro, surgiriam em separado falando em directo ou por entrepostas pessoas à imprensa sobre as respectivas previsões no que ao futuro imediato do futebol sénior diz respeito. Pinto da Costa realçou a qualidade superior dos jovens campeões campeões portistas - "há aqui matéria prima para ser aproveitada." - enquanto Sérgio Conceição fez saber que, para ele, bom, óptimo mesmo seria construir uma equipa com "11 jogadores já feitos" para atacar o título de 2019/20. Ainda assim garantem os jornais que presidente e treinador estão em tudo de acordo. Dá-se também como garantido o regresso de Mangala ao FC Porto. Mangala tem 28 anos. Mas se pensarmos que os 28 são os novos 18 anos logo se desvanece a suspeita de uma qualquer incongruência a pairar entre o raciocínio do presidente e o ajuizar do treinador. E ainda bem.
O que o futebol português mais tem são suspeitas. O director de comunicação do FC Porto disse a uma revista norte-americana sobre o caso dos e-mails furtados ao Benfica que jamais os devolverá porque "isto é guerra". Depois acrescentou umas tiradas de cunho indignado sobre o conflito tenebroso entre o Sul elitista e glamoroso e o Norte trabalhador e honesto. Os americanos que leram isto, enfim, coitados, se lhes deu curiosidade de saber de que tamanho é Portugal e correram a consultar mapas, muito estupefactos, devem ter ficado com a exígua dimensão do nosso território nacional. Mas onde é que alguma vez estes tipos tem tamanho para terem uma guerra Norte - Sul? -interrogaram-se, certamente os leitores "yankees" que poderão ter interpretado as declarações de Francisco J. Marques como o anúncio da existência de um moderno foco de desestabilização mundial. Na realidade, o foco de desestabilização não existe. Mas não é moderno. Arrasta-se desde o último quartel do século passado. E, a propósito, será interessante recordar que estas palavras de Francisco J. Marques disse aos americanos - "isto é a guerra." Foram as palavras que Pinto da Costa disse a Ericksson, em Abril de 1991, quando o treinador sueco protestou pelo facto de de ver a sua equipa, a equipa do Benfica, obrigada a equipar-se num corredor das Antas porque no balneário dos visitantes o ara estava a chumbo graças à creolina. Conta Ericksson na sua autobiografia que procurou, então, o presidente do FC Porto e que o questionou com o espanto que a sua natureza sueca não conseguia iludir:" O que é isto, presidente?". "Isto é a guerra!" , respondeu o presidente.
E nisto continuamos. Passaram-se 28 anos - a idade de Mangala! - e as novidades no capítulo da evolução são poucas. Ou inexistentes..."
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