"Que pena o golo tardio da Inglaterra na noite de quinta-feira no novo campo de Wembley, a sempiterna catedral da derrota do futebol português. Não porque a selecção portuguesa justificasse outro desfecho. Na realidade, pouco ou nada fez por isso. Mas porque jogando com menos um do que o poderoso adversário durante 50 minutos, a equipa portuguesa viu-se autorizada pelas circunstâncias a enveredar por aquilo que melhor sabe fazer: a abdicação do ataque em função da necessidade patriótica de não sofrer golos.
Quase ia resultando, mas a cinco minutos do fim os ingleses marcaram e, pronto, lá voltámos de Londres com uma derrota tangencial em vez do empate empolgante que esteve à beira de acontecer. A verdade é que a Selecção esteve bem melhor com 10 do que com 11 em campo. Se calhar mais nos valia jogar o Europeu todo sempre com 10, de modo a cumprirmos com honradez e sem achincalhos a iminente campanha francesa. Mas, atenção, desde que nenhum desses 10 seja, obviamente, Renato Sanches, que ainda é jogador do Benfica até ao final deste mês.
O futuro jogador do Bayern Munique teve direito a jogar os últimos 20 minutos em Wembley e fez, enfim, um bocadinho de diferença. Foi da sua criação o único lance de perigo para a baliza inglesa, oferecendo a Ricardo Quaresma a hipótese de fazer um golo que seria tão imerecido como fabuloso. A breve presença de Renato Sanches em campo desencadeou uma onda de comentários, entre o favorável e o entusiástico, na imprensa internacional, mas a verdade é que, em França, dificilmente Fernando Santos optará por lançar desde o início o jovem jogador, com justificado receio de uma ruidosa bateria de comunicados e de protestos institucionais que venha minar a tranquilidade no país e na Selecção.
A partir de 1 de Julho, quando Renato Sanches já for oficialmente jogador do Bayern Munique, terá o seu lugar mais do que certo na equipa nacional. Ou seja, para que ninguém se ofenda, só na condição de ex-benfiquista é que Renato Sanches pode jogar na Selecção. Como a fase decisiva deste Europeu entra pelo mês de Julho, isto se lá chegarmos, ainda vamos ter a oportunidade de o ver em acção aos 90 minutos de cada vez.
Até lá, insisto, deveria a Selecção jogar com 10, nem que Bruno Alves tenha de ser sempre titular para ser cirurgicamente expulso quando for mais conveniente às nossas aspirações."
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