"O El País publicou um significativo texto sobre o notável jogador austríaco Matthias Sindelar, que, em 1939, foi encontrado morto na cama do seu quarto com a sua mulher Camila Castagnola, judia de origem italiana. Sindelar, filho de emigrantes checos judeus, negara-se a jogar pela Alemanha nazi que passara a integrar a Wunderteam (equipa maravilha, como era chamada a selecção austríaca), como consequência de a Áustria ter passado a província de Ostmark. Hitler não perdoou. O cerco ao jogador apertou-se, até que um dia a polícia informou a sua morte. Assim terminou a vida e carreira de um jogador que foi eleito o melhor atleta austríaco do século passado. Ficou conhecido como o Mozart do futebol. Um dramático exemplo de quando os desportistas ainda eram homens e não apenas máquinas lubrificadas a euros e dólares.
Albert Ebossé, jogador camaronês, morreu no domingo. Havia emigrado para jogar na Argélia, na idade de todos os sonhos. Marcara até o golo da sua equipa, o que não evitou a derrota por 1-2. Foi barbaramente atingido por uma pedrada das muitas lançadas por adeptos inconformados.
Eis dois exemplos dramáticos do lado mais perverso do desporto. O totalitarismo mais cruel e desumano a impor as regras e a esmagar a liberdade mais singela e a fúria totalitária de quem vê um simples jogo de futebol como se de uma guerra se tratasse.
Curioso é que por cá, a notícia do assassinato do jovem africano surge no rodapé jornalístico. Esta semana, o que vai alimentar a semana noticiosa é, bem mais prosaicamente, saber se J. Jesus vai ou não estar no banco no derby.
A indiferença tudo banaliza. Até a própria indiferença..."
Bagão Félix, in A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!