"Gestão de recursos do Benfica ainda vai dando, mas futuro tem que se lhe diga.
O saldo competitivo dos encarnados, na corrente época, é sem dúvida positivo, mas todas as "poupanças" estão investidas em produtos de alto risco e, apesar de alguns sinais de confiança, não se sabe como é que os "mercados" irão reagir. A Taça da Liga foi negócio que, sobre a hora, deu para o torto e todo o cuidado é pouco para evitar que, na sequência do "flop", as outras aplicações de talento sejam alvo do chamado efeito-dominó. É que todas as transacções estão interligadas, restando saber se o "cash-flow" vai chegar para tudo.
Para o 1-0 sobre o Bordéus ainda chegou, sim, e aí Jesus, uma vez mais, não jogou todas as fichas de que dispunha, que outras operações se perfilam no horizonte e há que ser comedido. Para esta aventura europeia, o Benfica apresentou como grande novidade a dupla Roderick-C.Martins, à frente do quarteto defensivo. A suspensão de Matic, se bem que sempre inconveniente, acabou por ter um lado positivo (forma de dizer, claro), ao facilitar as escolhas, mas daí à aposta no duo eleito vai aquela distância...
Também no miolo foi a vez de Salvio descansar, entrando de início Gaitán, enquanto na frente, em detrimento de Lima, surgiu Rodrigo, no apoio a Cardozo. De fora, portanto, alguns titulares a precisar de descanso, nesta fase crítica em que gerir os activos se afigura tarefa primordial. Apesar das boas intenções de Jesus, a verdade é que a equipa não rendeu o esperado e o espectáculo ressentiu-se claramente disso. Por culpa não só do Benfica, mas também de um modesto Bordéus.
Nem o golo a meias de Rodrigo-Carrasso (21') viria a alterar fosse o que fosse, já que as duas equipas mantiveram a sua toada morna e de pouco acerto, com os encarnados a revelarem total ausência de engenho para criar lances com princípio, meio e fim (e, dessa forma, ampliar a marca) e o Bordéus, aparentemento satisfeito pela desvantagem mínima concedida, sem qualquer capacidade ofensiva. Alguns remates de Obraniak (à falta de Rolan, muito vigiado) não chegam para o desmentir.
Na 2ª parte, Enzo e Salvio e, depois, Lima foram chamados ao palco mas também eles não alteraram as deixas e a trama continuou sem alma. O que foi tanto mais decepcionante quanto é certo que o adversário, bem "conversado", poderia ter levado que contar. Na verdade, este Bordéus está a anos-luz da actual elite francesa (PSG, Lyon, Marselha, por exemplo) e não parece em condições de fazer muito melhor do que aquilo que realizou agora na Luz.
O futebol é, contudo, prenhe em ironias. Se o 2-0 esteve à vista, num lance em que Melgarejo poderia ter servido o ponta de lança, o empate também se pavoneou com desplante, através das intervenções dos substitutos Traore e Ben Khalfallah. O que teria sido um resultado exagerado, pois se o Benfica se quedou uns furos abaixo do normal, ainda assim ficou acima do seu adversário, merecendo inteiramente o triunfo. O que permite também concluir que, com um pouco mais de "andamento" na segunda ronda de negociações, o apuramento será uma (tranquila) realidade."
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