"Nesta última semana, lembrei-me por várias vezes do título “Os Trabalhos e os Dias” que o poeta grego Hesíodo (Séc. VIII a.C.) atribuiu a uma das suas obras mais marcantes. Antes de a jornada começar, Jorge Jesus, de forma certeira e incisiva, alertava para a sorte que o FCP costuma ter em Braga. Vítor Pereira respondia que a sorte dava trabalho e Carlos Xistra demonstrou na prática que, de facto, mais do que dias de sorte, há dias em que é preciso trabalhar muito para que se possa responsabilizar a aleatória sorte da condicionada incompetência.
A sorte do FCP foi não ter, nesse dia, apanhado com o mesmo árbitro que o Benfica teve de enfrentar recentemente, na quarta jornada, em Coimbra. Se o árbitro tivesse sido o mesmo, provavelmente, teria assinalado uma grande penalidade óbvia contra o FCP. Tinham o mesmo nome, foram nomeados pela mesma pessoa, foram dois jogos para a mesma competição, com critérios idênticos, mas, definitivamente, não foram apitados pelo mesmo Xistra. Conseguir uma sorte destas dá muito trabalho e, como ficou à vista de todos, este tipo de trabalho do Carlos Xistra depende dos dias. Há dias em que Xistra trabalha para a sorte dos adversários do Benfica e há dias em que Xistra trabalha para o azar dos adversários do FCP.
Deste modo, percebemos que ter, aparentemente, o mesmo árbitro, na mesma competição e em dias diferentes, resulta em sortes distintas, consoante os clubes em contenda. De facto, uma sorte destas não se consegue sem trabalho, muito trabalho, um trabalho feito de dias (lá volto eu a Hesíodo), de longos dias. Há até quem garanta que é um trabalho feito de largos dias que têm cem anos..."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica
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