"Uma boa gestão dos tempos é, por norma, um acto de sensatez. Conseguir ter a sensatez de perceber isso é um bom acto de gestão.
Nos tempos que correm, a opinião faz-se na vertigem do momento e não na ponderação dos diferentes momentos. Só assim se explica que, com base na observação de um ou dois jogos, de cinquenta minutos de exibição numa pré-época, se possam tirar conclusões absolutas sobre a mais-valia ou não de um jogador. Temo-lo visto a propósito do lado esquerdo da defesa do Benfica. A adaptação de Melgarejo tem servido para todas as teses, opiniões e conclusões por parte dos opinadores. Agora, é tempo de observar, é tempo de experimentar e, brevemente, será tempo de avaliar a decisão tomada. Antes de todos estes tempos, veio o tempo de reflectir. Depois, e só então, será o tempo de tirar conclusões. Em seguida, agir-se-á de acordo com as conclusões retiradas. Tudo isto terá de ser feito em tempo útil, mas sem termos no nosso treinador a precipitação de julgar de acordo com os ecos extemporâneos da imprensa. Se assim não for, arrisca-se tanto o sucesso do jogador como o do grupo de trabalho e o do próprio treinador.
Num plano diferente, observámos como a Liga de Clubes se precipitou na regulação dos empréstimos de jogadores. Muitas vezes apelei para a necessidade de regulamentar essa matéria, mas a Liga trocou os tempos. Começou pelo tempo da implementação da medida antes de ter feito o tempo da reflexão acerca da mesma. Isso inviabiliza qualquer possibilidade de sucesso numa medida que até poderia ser benéfica para o futuro do futebol português.
Seja treinador ou seja dirigente, quem lidera tem de saber gerir os tempos, sob pena de perder a razão pelo facto de a ter antes do tempo."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica
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