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sexta-feira, 18 de julho de 2025

Esboços da nova época


"Desta vez o FC Porto não falhou na escolha do treinador. Coisa diferente é ter a garantia de que vai correr bem: E isso ninguém tem, até porque não há mais que um campeão por temporada. Francesco Farioli tem a escola que Anselmi não tinha, desde logo a experiência com De Zerbi, a experiência que faltava ao antecessor, de treinar a alto nível europeu, e, sobretudo, um lastro de jogo positivo que já deu resultados, em Nice e Amesterdão. Falhou o título à beira do fim nos Países Baixos? É um facto, mas avaliar um novo técnico só é legítimo para quem dele conhece mais que as estatísticas disponíveis no zerozero.pt.
Arrisquei dizer num podcast aqui da casa que os portistas levam vantagem ao nível do comando técnico, por acreditar que Farioli sabe o que quer, mas sobretudo por ver Bruno Lage sobre brasas num clube sempre em busca de identidade futebolística e Rui Borges às voltas num labirinto quanto a reforços, enquanto ensaia nova tentativa de alterar a identidade tática. Acresce que o Benfica perdeu três dos melhores jogadores – Carreras, Di María e Kokçu, sim, também Kokçu, que não atingiu o que se esperava, mas era dos melhores entre as águias – e até agora não contratou ninguém do mesmo nível. O Sporting perderá (de uma forma ou de outra) o melhor jogador, o que terá impacto decisivo na (nova) forma de jogar.
É na questão do talento disponível que o FC Porto tem o maior handicap, mesmo se está a contratar com critério – Gabri Veiga e Borja Sainz acrescentam – e a arrumar a casa com dispensas certeira de quem não revelou nível de equipa grande (Fábio Cardoso, André Franco, Romário Baró). Ainda assim, “o maior mercado de sempre” ainda tem de garantir muito mais ao novo técnico.
A debilidade defensiva mantém-se, agravada com o fim do trajeto de Marcano. Prpic tem qualidade e garante futuro, mas falta-lhe em contundência defensiva o que acrescenta a construir. Ao dia de hoje, não é uma dupla com ele e Nehuén que fará um treinador dormir descansado. No meio-campo falta claramente mais um “titular”. Kenneth Taylor é ótimo - faltaria ver como ligaria com Gabri e Mora - mas não parece acessível às finanças. Na frente, há muita indefinição ainda, seja pelo que ainda se poderá esperar de Pepê, pelo que dará no imediato William Gomes ou se haverá terceira vida para Iván Jaime no Dragão. Isto partido do princípio de que Samu é mesmo a pedra angular para o ataque sonhado por Farioli, do que tenho dúvidas.
Nos esboços da nova época, um olhar sobre outros clubes que podem fazer dela algo melhor que a anterior. Vemos de novo um Sporting de Braga a encher o balão dos sonhos altos, mas sem reforços que, pelo menos até agora, autorizem ambição de título. E acrescente-se a expectativa de ver durante quanto tempo vai agradar a António Salvador o técnico Carlos Vicens, mais um da notável “diáspora Guardiola”. Em Guimarães, a aposta em Luís Pinto é d risco elevado, num clube, também ele, de instabilidade recorrente na relação entre Presidente e treinadores, até em relação aos que entregam resultados, como Luís Freire.
Não tem sido diferente o cenário no Moreirense, com treinadores dispensados sem razão, mas aí o dono agora é outro e pode se que isso ajude o prometedor Vasco Botelho da Costa, após trajeto de mérito em Alverca. Noutras paragens há mais estabilidade – elogie-se isso! - e uma mão cheia de treinadores com sinais de competência evidentes e oportunidade para dar sequência ao trabalho já lançado: Hugo Oliveira no Famalicão, Ian Cathro no Estoril, João Pereira no Casa Pia, Vasco Seabra no Arouca e César Peixoto no Gil Vicente. Em alguns deles vejo mesmo capacidade de chegar ao topo. Podem começar a prová-lo em breve. E cá estaremos para olhar atentamente, quando puder haver mais que esboços."

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