"Agora que Bruno Lage, dá indicações positivas de ter começado a restabelecer a qualidade do futebol do Benfica, a confiança do plantel e o entusiasmo nas bancadas, ficam? pendentes de avaliar, no final da época, os efeitos da vantagem conferida aos rivais.
Graças a este arranque positivo, a prioridade do Benfica, ao menos para já, (no futebol tudo pode mudar rapidamente), deixou de ser o treinador, ou a composição do plantel.
A meu ver, a prioridade critica do Benfica é , na eleição de 2025, fazer emergir um Presidente (e uma equipa diretiva) de grande qualidade. No ano 2000 e seguintes, acompanhei de perto a chegada de Florentino Pérez à Presidência do Real Madrid. Tanto no mandato 2000-2006, como nos posteriores, a partir de 2009, é amplamente reconhecido que os colossais êxitos do clube, são tributários da sua visão e capacidade empresarial.
Na economia atual, onde a indústria do futebol se inscreve plenamente, o valor acrescentado assenta no talento. Um estudo sobre a nova geografia dos empregos nos Estados-Unidos, revela que quando uma grande empresa tecnológica se instala numa cidade, "puxa" os hipermercados, os serviços de proximidade e os serviços financeiros.
O contrário, obviamente, não acontece. Como aponta o estudo: uma Microsoft " puxa" um Walmart, mas um Walmart não puxa uma Microsoft. Ou seja, é o talento que puxa o resto, não é o resto que puxa o talento.
No Real Madrid, no primeiro mandato, Florentino "puxou" Zidane, Ronaldo Nazário e Beckam,?não foram estas megaestrelas que "puxaram" Florentino (Figo, esse sim , "puxou" decisivamente por ele, dado ter sido a sua genial arma eleitoral). É evidente que todos os futebolistas do Madrid foram fundamentais para o sucesso desportivo do clube, mas na origem de todas as vitórias esteve a visão e o dedo operacional do Presidente. Convém notar que Florentino impulsionou o Real Madrid acima de rivais alemães, britânicos, franceses e italianos. A inserção do clube num país e numa economia abaixo da dos rivais, não impediu a liderança desportiva e económica do Real Madrid, projetando-o para além dos limites naturais do seu enquadramento.
Num Benfica que atualmente enfrenta desafios complexos nas vertentes desportiva e económico-financeira, o clube necessita de "encontrar" o seu Florentino Pérez.
Na primeira Liga espanhola, dos 20 Presidentes de clube, 80% são empresários ou gestores de topo, 10% são advogados e 10% ex-jogadores, como Ronaldo Nazário. Profissionalmente, Florentino Pérez é Presidente do grupo ACS, uma das maiores empresas espanholas (a 15a maior capitalização em Bolsa). Mas em Portugal, ao que parece, ter estado inserido numa área operacional do futebol, denota ser um CV suficiente para se chegar à Presidência nos três grandes.
Como o exemplo de Florentino atesta, o perfil de competências e a experiência empresarial, ao mais alto nível, são fatores decisivos para se obter sucesso numa indústria muito competitiva e complexa, como é o futebol. Como o é também, a aptidão para não se associar ou permitir "casos e casinhos", que retiram o foco do essencial e debilitam o clube. A prioridade crítica para o Benfica, é "descobrir" no seu seio, uma liderança capaz de empreender o que Florentino começou a realizar no Real Madrid há um quarto de século.
Para o Benfica, a questão é que o futuro Presidente (mais a sua equipa diretiva) não terão apenas de dirigir em função de como são hoje o futebol e o Benfica; terão de? dirigir em função de como será o futebol? e como deverá ser o Benfica no futuro.
Para o Benfica, o problema é que o futuro Presidente, não terá apenas de assegurar o que já se tem, terá de garantir o que ainda não se tem (a liderança incontestável no país, a relevância europeia e a sustentabilidade do modelo de gestão).
Para o Benfica, a disjuntiva eleitoral presidencial é esta: basta-nos alguém que faz o que é (ou foi) no futebol, ou queremos alguém com as competências empresariais e a experiência relevante que o capacitam para fazer o que é preciso ser feito no clube e no futebol?
É certo que o futuro Presidente do Benfica, não será melhor que os anteriores, apenas por ser diferente. Mas terá de ser diferente dos anteriores, para ser um Presidente melhor, aquele que o Benfica hoje precisa."
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