"A seleção que melhor futebol joga chega à final com todo o mérito - e quem diria que falar com os jornalistas e mostrar-se mais aos adeptos não faz perder jogos...
Muitos de nós viemos parar aqui porque temos duas paixões: o Jornalismo e o Desporto. Daí que acompanhar uma grande competição como um Europeu de futebol seja um momento especial, em que aliamos as notícias e a atualidade aos grandes jogos que esperamos conseguir ver. É uma adrenalina constante, que nos faz consumir e produzir informação a toda a hora, na esperança de que do outro lado haja alguém tão interessado quanto nós em tudo isto (e há, obrigada por isso a quem nos lê).
No entanto, já não somos crentes. Chegamos aqui após muitos meses (e anos) de silêncios cada vez menos compreensíveis, de estratégias de comunicação que se resumem a esconder jogadores e de adeptos que chegam a defender exclusões de jornalistas sem perceberem que são eles os mais prejudicados. Só que, também por isso, um Campeonato da Europa ainda nos traz esperança. Unir um país em torno de uma seleção não se faz sem falar, sem mostrar, sem estar nas capas dos jornais. E, felizmente, ainda há quem saiba isso.
Falo, então, de Espanha. Podia bastar termos estado atentos à imprensa espanhola — foi raro o dia em que um jogador (ou mais) desta seleção não deu uma entrevista ou respondeu a um desafio —, mas em 2024 isso não nos diz tudo. As redes sociais são hoje um motor imparável e, através delas, Espanha foi dando aos adeptos o que eles queriam: os bastidores, esse monstro debaixo da cama que assusta tantos especialistas do mundo do futebol. E, com isso, conseguiu o quê? Lamine Yamal não aprendeu a rematar assim por ter contado e mostrado como fazia os trabalhos de casa durante o Euro, mas não estaremos todos mais encantados com ele também por causa disso? Eu acho que sim.
O futebol precisa de craques como este miúdo de 16 anos que torna as nossas noites europeias mais excitantes (ao contrário de selecionadores como Deschamps, Southgate ou Martínez, que nos aborrecem), mas estou convencida que também precisa muito de um ingrediente: emoção. E ninguém se emociona com jogadores todos iguais, calados ou com clichês ditos em conferências de imprensa, sem outros traços de personalidade que não sejam a forma como discutem um lance com o árbitro ou como celebram um golo. Queremos mais, precisamos de mais, e não é por nós. É por todos os que gostam disto.
Viva, então, a Espanha por estar a disputar um Europeu com emoção, dentro e fora do campo, sem que até agora essa abertura esteja a prejudicar a prestação dos jogadores. Esse mito vai ter de acabar um dia..."
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