"Há sensivelmente um ano, a equipa da Fundação estava focada numa grande operação logística desencadeada a propósito da campanha de ajuda alimentar a Moçambique em razão do ciclone Idai. A nossa experiência transcontinental era uma consequência da nossa missão humanitária e partia de cá para lá, de Portugal para o mundo. Então, os portugueses manifestaram-se solidariamente e encheram cinco enormes contentores com centro e trinta e oito toneladas de comida destinada à ajuda humanitária de emergência, e, acabado de atracar o barco, uma delegação da Fundação viajou até à Beira para supervisionar todo o processo de distribuição.
Ontem foram outros os que ajudámos, e bem! Mas o mundo é redondo e nas suas voltas, a cada revolução, surpreende os homens e desafia a sua existência. Por isso, um ano volvido, eis que, inesperadamente, o nosso próprio bem-estar e segurança são postos em causa. Não longe, num outro país, ainda que irmão, mas bem aqui na nossa rua e mesmo da nossa porta para dentro. E ficámos sós, de repente não havia para onde nos voltarmos porque todos os que nos poderiam ajudar estavam a braços com o mesmo desafio. Restava-nos olhar para dentro e procurar respostas, confiar em nós e nos nossos e dar o máximo, sempre o máximo para vencer.
Nada que os benfiquistas não saibam da sua experiência. Num ápice, desviámos o olhar de futilidades e pousámos os olhos esperançados naqueles que nos enchem as prateleiras de comida, que asseguram as nossas comunicações, que mantêm a nossa segurança e, sobretudo, naqueles que trabalham sem parar para salvar vidas. Hoje a de alguém, amanhã a dum ente querido ou mesmo a nossa, neste mundo redondo...
Olhamos e vemos com olhos de ver e agradecer, mas isso não basta, é preciso dar-lhes as melhores condições para fazerem o seu trabalho e as armas certas para um combate incerto e desigual. Não são bastantes os elogios e agradecimentos públicos, é preciso acção solidário, seja das pessoas, seja da sociedade civil, nunca apenas do Estado, que sozinho não poderá vencer por nós todas as nossas batalhas, muito menos a esta escala.
E foi isso que o Benfica fez, sem tirar nem pôr. Simples, directo e pragmático, agiu na dianteira, activou a Fundação e mobilizou recursos concretos, palpáveis, mais de 1 milhão, que destinou à compra de equipamento médico e de protecção para reforçar o Serviço Nacional de Saúde. Fizemos, como sempre, a nossa parte sem olhar aos outros ou esperar para ver. É assim o Benfica, nem sabe ser doutra maneira!"
Jorge Miranda, in O Benfica
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