"Aos 35 anos de idade, Jonas deverá terminar a sua carreira de futebolista. Ele próprio o admite, acrescentando que irá falar com Luís Filipe Vieira, o que quer dizer que não tem a certeza da decisão. É natural que assim seja. Um futebolista como Jonas, com uma boa e digna carreira, quando chega ao momento de parar tem sempre dúvidas e, mais do que isso, tem sempre um terrível medo do futuro, das saudades que irá sentir dos tempos em que entreva em campo com as chuteiras calçadas, dos momentos inesquecíveis da celebração do golo, do ruído inebriante do entusiasmo das bancadas a gritarem o seu nome. Não é fácil tomar a decisão de parar. Por vontade do jogador, calculo eu, continuaria até à eternidade, mas há um momento em que é importante tomar a decisão de sair. Esse momento é o da fronteira entre a utilidade e a piedade. O problema é que nunca se sabe, antes, onde está o traço que nos anuncia qual o momento certo.
Será sensato ficar no Benfica mais um ano? Não consigo responder. A seu favor tem o facto de, na última época, ter sido inteligentemente importante. Como se jogasse todos os jogos, como se marcasse em todas as oportunidades, a sua acção, junto da equipa, entre os companheiros, pareceu ser de uma força contagiante; contra tem, precisamente, o perigo de estar a deixar fugir a oportunidade de sair em tempo de glória, levando os adeptos a suspirarem por ele de saudade e não de piedosa condescendência.
Jonas não saberá, ainda, se é este o momento, mas pressente que sim. Talvez fosse aconselhável sair. Por ele, pelo Benfica, pela defesa de uma imagem de ídolo que não morrerá."
Vítor Serpa, in A Bola
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