"O futebol português, de ponto de vista social e de elemento gregário de um povo, está a atravessar um dos períodos mais negros da sua história. A verdade é que já nem se respeita a si próprio e instituições que têm o dever de ser pedagógicas e garantir relações de respeito e de dignidade na saudável diferença das opções clubísticas, como é o caso do Conselho de Disciplina, vem surpreender-nos com acórdãos que não apenas admitem uma inaceitável permissividade perversa de comportamentos antidesportivos e antiéticos, como nos deixa perplexos com os seus conceitos de uma justiça corporativa que absolve quem fustiga como destinatários os «comentadores desportivos», desde que não nomeados um a um.
Não sei se o luminoso argumento dos doutos conselheiros seria o mesmo se fossem eles os visados. Certamente não seria. O que parece ficar como perigoso precedente é que, seja quem for que exerça funções de dirigente dos clubes de futebol pode, a partir de agora, atiçar os cães aos «comentadores desportivos», desde que fique claro esse específico grupo destinatário, que os conselheiros não apenas desqualificam, como desconsideram e, pelos vistos, segregam.
Talvez que os conselheiros apenas tenham pensado naqueles comentadores desportivos que também a si próprios não se respeitam e, assim sendo, terão achado que não viria mal ao mundo desrespeitá-los também. Pois, mas eu tenho o direito e o dever de defender, por exemplo, quem de forma digna e responsável exerce o comentário em A Bola, sabendo que não se esgotam neles os que muito úteis têm sido ao futebol português."
Vítor Serpa, in A Bola
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