"Há uma estranha constatação quando se fala de batota. Seja no plano desportivo ou noutro qualquer. Se a batota tem um alcance restrito, não direi que é aceite, mas acaba por ser enquadrar num plano de reduzida importância. Verdadeiramente, ela só é tornada importante e maléfica quando abrange uma magnitude com consequências severas. É agora o caso conhecido dos esquemas de sistemática dopagem no atletismo russo.
A mais pérfida batota nos desportos de alta competição é a dopagem associada a todas as técnicas para a encobrir ou dissimular, num enredo de crescente complexidade tecnológica e científica, e que envolve muita gente em teias organizadas.
No tempo da URSS e seus satélites havia a batota de Estado, ou seja usavam-se meios ilegítimos para se alcançarem resultados de pretensa superioridade de ideologia, ainda que usando até ao tutano jovens atletas.
Agora, doping é transversal. Não depende de ideologias, regimes políticos, desportos. E sobretudo advém de uma obsessão competitiva que tudo leva à frente, em função de interesses de momento, de dinheiro e de vãs ilusões.
Mais conhecidos publicamente são os casos no ciclismo e no atletismo. Mas muitos outros desportos olímpicos traem esta sua qualificação. Rio de Janeiro 2016 pode ser mais uma oportunidade para repristinar o ideal olímpico de Coubertin.
Vive-se cada vez mais entre a verdade real e a mentira virtual. Basta ver o que se passa nas redes sociais. Hoje, lamento olhar para uma fotografia ou um vídeo, e ter passado a inverter o principio que me orientava: agora desconfio, antes acreditava."
Bagão Félix, in A Bola
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