"Na actual Liga, o mais empolgante que já se viu a este Benfica terá sido aquelas trocas de bola entre Luisão e Renato Sanches nos descontos do jogo com o Boavista. O Benfica ganhava por 2-0 e, sem adversários por perto, o capitão da equipa ungiu o promissor neófito com uma série de passes à laia de baptismo místico.
Em termos essencialmente práticos, ao contrário do insuficiente Benfica de trazer por casa, o Benfica externo exibe uma apresentável folha de serviços onde avultam os nove pontos somados na fase de grupos da Champions. Por tudo isto, quero acreditar que o Benfica passou intelectualmente a semana a preparar-se para o dérbi como se de um jogo da Liga dos Campeões se tratasse.
Uma daquelas noites europeias disputadas em palcos sofisticados contra emblemas que convocam os focos da imprensa internacional será, porventura, o único quadro capaz de motivar a equipa que, nos últimos anos, ganhou quase tudo o que havia para ganhar em Portugal. Mas a verdade é que o nosso país, por ser pequenino e periférico, não empresta a esses magníficos cometimentos visibilidade para lá de Badajoz.
À falta dos espantosos holofotes internacionais, fingir que o jogo de hoje conta para a Champions foi a solução posta em prática no Seixal. Assim se espevitou o ânimo competitivo dos campeões portugueses. Foi preciso meter na cabeça dos nossos jogadores que Alvalade fica lá fora, apesar de ficar no fim da rua. Também que o árbitro é estrangeiro, de preferência italiano, porque são os que se equipam melhor. E, finalmente, que até o Octávio Machado é estrangeiro, de preferência inglês, porque são os que têm melhores maneiras.
E chegou o dia do grande acontecimento internacional! Que ninguém ouse falar da Taça de Portugal, aquela saloiice que termina sempre à base da sardinhada no vale do Jamor. Hoje o patamar é outro. Trata-se de um jogo a fingir que é da Champions, competição que interessa verdadeiramente ao mundo e, como se não bastasse, competição com quem o Sporting de Lisboa mantém um rol permanente de protestos e lamentações. Se o Benfica quiser, é esta a sua primeira vantagem para o jogo de hoje. A segunda vantagem é que na Champions corre-se mais. Com espírito aberto e, pelo menos, uma dúzia de transições rápidas, saúde-se desde já o alteroso poder da imaginação."
Grande Leonor Pinhão!!!
ResponderEliminarÉ Pinhão, é Leonor, e está tudo dito.
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