"Como espero que, hoje, Portugal fique apurado para o Europeu, tenho um pretexto para voltar ao Acordo Ortográfico (AO).
Amanhã, a manchete de um jornal poderia ser 'Ninguém para Portugal', de acordo com as novas regras. Imagine-se um completo leigo nestes assuntos de futebol a ler na banca este título de primeira página. Teria ficado no mínimo admirado. Então ninguém vem para Portugal? Será que os turistas já não gostam do nosso País? Ou será que quem emigrou jamais regressará? Ou não iremos receber a nossa quota de refugiados do Médio Oriente? Uma outra pessoa mais atenta ao desporto, ali ao lado deste simpático leitor de títulos na banca matinal, tê-lo-á descansado: o que está escrito, meu caro senhor, é que ninguém pára Portugal chegado à fase final do Europeu! O nosso distraído da bola, ficou aliviado. Mas, como igualmente não dominava o AO, logo retorquiu que faltava um acento agudo no primeiro 'a' da palavra 'para'. O outro, mais 'acordista', disse que não: deixou de ter acento e teremos que ler de acordo com o contexto. O diálogo continuou: Sim, mas se houver mais do que um contexto ou não se souber do contexto? Terá que adivinhar, concluiu o interlocutor.
A confusão do AO é, também, geradora e multiplicadora de erros. Por exemplo, há quem tire o 'c' a facto como se nós lêssemos 'fato'. Ou, como na capa de domingo de A BOLA, onde li que há rotura total entre Carrilho e o SCP. Ou seja transformou-se a ruptura (rutura, versão AO) de negociações numa qualquer rotura de ligamentos. Ter-se-á instaurado um processo disciplinar ao peruano por causa de uma rotura muscular?"
Bagão Félix, in A Bola
Política para a política, cultura para a cultura...
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