"Era um jovem quando nos anos 60 do século passado vi o filme de Fellini 8 1/2, por sinal bem difícil de descodificar. Veio o notável realizador italiano à minha memória, quando surgiu uma nova e sofisticada aritmética (tabuada) no futebol. As posições dos jogadores deixaram de ter nomes substantivos para se lhe aporem números significantes. Não me refiro à numeração nas camisolas, que essa deixou de ter qualquer sentido, excepto se ligada a alguma tradição ou até superstição.
Estou a falar de outros números que enquadram posições e movimentos. Ouve-se dizer que um certo jogador é um puro 8, mas pode adaptar-se a ser um bom 6 e, em caso de emergência, até um 3. Assim como são raros os bons 10 para assistir os 9. Fala-se agora de Jonas para o Benfica, com uma interessante referência: não é bem um 9, nem um 10: é um 9,5. Confesso que não conheço as suas capacidades. Mas ser um número fraccionado é o mesmo que dizer que não é inteiro? Será 9 por excesso e 10 por defeito? Já agora, sendo o 1 o guarda-redes haverá alguns que só são 0,5?
Também ouço dizer, de vez em quando, que certo jogador é, por exemplo, um falso 6. Quer dizer que é um número imaginário?
Ainda a propósito dos novos algarismos, recordo a sagaz explicação de Jorge Jesus durante o jogo em Londres contra o Totteham. Ganhava o Benfica gloriosamente por 3-1 e dirigindo-se ao seu colega inglês fez o gesto com os dedos indicando 3 (golos, claro). Mas, na conferência de imprensa, mais cauteloso, explicou-se: «Estava a dizer Luisão, number 3» que, por acaso, veste a camisola n.º 4. Mas que para Jesus ocupa a posição 3. Ou seja, um número primo no SLB, evidentemente."
Bagão Félix, in A Bola
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