"A catadupa de jogos do Euro é, também, um teste à capacidade de resistência para escutar frases que constituem um quase dialecto de lugares-comuns, eufemismos, pleonasmos e paradoxos.
Não me refiro aqui ao modo como o capitão da nossa Selecção se dirigiu ao mais alto magistrado da Nação: «Em nome da Selecção entrego-lhe esta camisola e convidamos você para ir assistir a um jogo, tá?». Frase no mínimo inapropriada, mas que não admira quando por toda a parte e em programas e galas televisivas se ouve a feia expressão «com vocês» em vez de «convosco».
Antes registo aqui algumas deliciosas frases que venho ouvindo: «a bola morreu nas redes» (pergunto-me se depois de tão súbito fenecimento do esférico, ainda há jogo?), «o jogador x tem que interagir com os colegas» (ou interagir... sozinho?), «as duas selecções acabaram dividir os três pontos» (1,5 pontos para cada uma delas ou será que, em aritmética de empates, 1+1=3?), «o hino espanhol foi cantado em silêncio, isto é sem letra» (intrigante oximoro). Por fim, no fim do jogo com a Alemanha ouvi o presidente da FPF confessar que «se hoje houvesse um vencedor, seria a Selecção portuguesa» (será que empatámos?).
P.S. 1 - Intitulava A BOLA: «Toni conformado no Tractor». Confesso que fiquei surpreendido com esta serôdia vocação do grande benfiquista. Li a notícia: afinal Tractor é um clube iraniano de Tabriz. A agricultura é outra. Também não me havia lembrado que o jornal aplica o Acordo Ortográfico, pelo que o Tractor de Tabriz não é o trator de Avis.
P.S. 2 - Ainda a tempo de registar a vitória tão preciosa quanto sofrida contra a Dinamarca."
Bagão Félix, in A Bola
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