"Na minha infância, ainda sem vídeo-jogos, brincava com caricas.
Realizava campeonatos, montava o estádio como possível, colocava onze de cada lado com o nome dos jogadores escrito à mão, e no fim, depois de grandes e emotivos despiques, ganhava sempre o Benfica.
Os campeonatos de Hóquei em Patins fazem-me lembrar esses tempos, mas ao contrário.
Há jogadores, há patins e há sticks, mas no fim, dois senhores sem patins e sem stick, fazem a vitória pender para um lado. E o lado é sempre o do FC Porto.
Acresce que as regras do Hóquei tornam-no quase tão manipulável como um jogo de caricas. A qualquer momento, um cartão azul exibido a uma equipa, e poupado a outra, viram uma partida do avesso - com uma dupla penalização completamente desproporcionada, para mais em lances que, pela sua grande velocidade, sem sempre são de fácil análise. Se tal se repetir duas ou três vezes num mesmo jogo, por mais talento que se tenha, por melhor preparada que esteja uma equipa, torna-se muito difícil dar luta.
O Hóquei é uma modalidade maravilhosa. Mas também é uma modalidade frágil, que se circunscreve a três ou quatro regiões, e em que as estruturas dirigentes, portuguesas e não só, se pautam por um total amadorismo, para não dizer outra coisa.
O Benfica, como clube que há mais anos a pratica ininterruptamente em todo o mundo, tem responsabilidades acrescidas na sua preservação. Mas perante aquilo que se vê semanalmente, com franqueza não sei como o fazer.
Talvez a única solução seja construir uma equipa muito, mas mesmo muito melhor do que as restantes. Ser simplesmente melhor, não dá para nada."
Luís Fialho, in O Benfica
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