"Este texto é publicado já com o resultado da Luz conhecido. Para mim é ainda desconhecido porque o escrevo antes do jogo adiado e depois do jogo não jogado. Mas para o caso, tanto interessa. Porque não é sobre o jogo que escrevo.
Domingo, estive no Estádio da Luz, entre Miró e Stephanie. Entre um surrealismo artístico e meteorológico. A águia Vitória foi mais avisada. Não ousou voar. Assim evitou ultrapassar os limites do Estádio e prevenir voos descontrolados na 2.ª Circular. Lá, lembrei-me da canção dos anos 60 de Bob Dylan, With God on our side. Porque uns escassos minutos separaram o incómodo pelo atraso num dérbi, de um iminente desastre nas bancadas. O tempo que mediou entre a vulnerabilidade a ventos fortíssimos e uma saída rápida de uma multidão (a)traída pela saraivada de aquilo que, então, designei pelo acrónimo OVNI. Sim, porque eram para mim (leigo nestas matérias de obras) objectos voadores não identificados, que depois se soube ser lá de rocha em versão light e - pior - chapa metálica em versão hard.
Duas lições reforçadas desta situação: a primeira é que a Natureza tem o poder de se impor com a sua força e não deve ser desconsiderada; a segunda é que, perante a mesma Natureza, um jogo, mesmo que de grande simbolismo como é este dérbi, vale menos do que nós adeptos e eles jogadores e árbitros. Aqui não conta a teoria da probabilidade. Basta a certeza de esta não ser igual a zero.
Cito Pascal: «O que é o homem na natureza? Um nada em relação ao infinito, um tudo em relação ao nada, um ponto a meio entre nada e tudo.»
O futebol é desporto de Inverno, diz-se. Mas não tanto."
Bagão Félix, in A Bola
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