O INDEFECTÍVEL
Pelo Benfica! Sempre!
Últimas indefectivações
sábado, 11 de janeiro de 2025
2 pontos perdidos!
Campo pesado, com chuva, e uma equipa não preparada para a luta, acabou por dar empate, e até podia ter sido pior!!!!
Vantagem na classificação encurtada desnecessariamente!
Inacreditável o histerismo no canal11, só igualado pelo Lagartismo da apitadeira do costume: Sandra Bastos!
Trocas e Baldrocas!!!
O CD da decidiu alterar elementos da equipa de arbitragem do Nacional-FCPorto. Estas lesões de última hora são sempre estranhas.
— Alberto Mota (@lbrtmt1904_mota) January 10, 2025
Trapalhada... mais uma!! pic.twitter.com/X5bT5FGS8D
Os pecados de um Benfica sem cultura de vitória (e como todas as peças encaixam)
"Não são só os jogadores, não é só Lage, é mais do que isso. Novo dérbi com o Sporting é crucial para o futuro a médio, longo prazo das águias esta época, além de se tratar de uma final
Bruno Lage ganhou dois dias, não mais do que isso com o triunfo sobre o SC Braga. É certo que uma eliminação na meia-final poderia deixar marcas graves no (ainda-por-provar segundo) processo de retoma dos encarnados, porém estas reaparecerão e talvez até com mais força, em caso de novo desaire em apenas duas semanas diante dos leões.
É o mesmo que dizer que, frente a este conjunto arsenalista bastante irregular, capaz do bom e do mau com poucos dias de diferença, as águias não tinham nada a ganhar e, sim, praticamente tudo a perder. Ainda assim, o treinador do Benfica elevou o tom de voz e puxou dos galões com o autoelogio (sempre desnecessário) de que sabe preparar bem os jogos, apoiando-se numa exibição concludente, que, bem vistas as coisas, não tinha sido mais do que uma obrigação da sua equiapa. Acham mesmo que o «anormal» não teria sido novo desaire?
Nada disto invalida o bom trabalho que foi feito no pós-Schmidt. Lage chegou com um plano e este funcionou em praticamente todos os momentos até, aqui e ali, começar a parecer curto. Entre as vitórias e um ou outro resultado menos positivo, o técnico ia lembrando que a equipa ainda não estava bem ao seu jeito, sobretudo a nível da gestão das partidas através da posse de bola, todavia a análise sempre me pareceu redutora. Uma coisa é deixar escoar o tempo evitando ser colocado em xeque, outra é saber o que fazer em sequências longas em progressão diante de blocos mais baixos e tendo de recuperar de resultados desfavoráveis.
Não faltava razão ao treinador quando dizia que o Benfica tinha dificuldades em capitalizar a maior técnica individual dos seus atletas nesses momentos, o que acabava por expor a defesa, mas entretanto omitia a falta de química das unidades mais avançadas em encontrar espaço pelo ataque posicional, um handicap que atravessa várias heranças no banco dos encarnados e não é só da sua responsabilidade, ainda mais quando nem sequer um mercado teve para poder corrigir lacunas no plantel.
Lage tem essa abertura agora, embora se aponte para poucos retoques e, mais uma vez, certa navegação à vista, mais em busca de oportunidades, saldos ou cedências do que iniciar política desportiva enquadrada com o técnico ou, então, dar continuidade à anterior, se esta estava assente num rumo independente de quem estava, a dado momento, sentado no banco.
Na prática, o Benfica precisa de partir o jogo para ter espaço e tendencialmente tem de fazê-lo ainda perto da baliza adversária, a fim de não estar tão exposto. É isso que o torna tão dependente da pressão alta e da reação à perda. Quando estas não funcionam, afunda-se. E só funcionam quando se apresenta Florentino como equilibrador de todo o processo. Este, ou eventualmente um novo Tino, que antes Lage aceitou ver, sem sucesso, em Julian Weigl, um Florentino 2.0, que alie o momento defensivo a uma capacidade de construção mais vertical, são fundamentais para que tudo funcione.
O dérbi que aí vem será muito importante para o futuro de Benfica e Sporting a médio, longo prazo, além de se tratar de uma final. Não carregará o peso de decisivo, a não ser para a prova, ainda que possa vir a ser impactante pela mossa que pode fazer ou pelo moral a acrescentar.
Se voltarmos a Alvalade, naquele contexto de dúvida do lado dos locais, criado pela estreia de um treinador após ciclo muito negativo, e de um certo empoderamento do dos encarnados, face à recuperação e ao primeiro lugar conquistado, encontramos um Benfica apático e ausente durante a primeira parte. Poucos dias depois, na receção ao SC Braga e após o empate dos rivais em Guimarães, os homens de Lage voltaram a vacilar e, mais ou menos, da mesma forma. A entrar mal e a acabar melhor, sem no entanto recuperarem, no resultado, do péssimo arranque.
Se no dérbi eterno, os da Luz ainda podem alegar o fator-surpresa, pela utilização de um esquema disruptivo, o desaire seguinte jamais poderá ser encarado como apenas coincidência. Algo estava (está?) mal no reino das águias.
Em paralelo, o discurso muitas vezes mais apagado e assíncrono em relação à realidade por parte de Bruno Lage, a anos-luz do da primeira passagem pela Luz, e incapaz de ser agregador, também não pode ser dissociado do que se passou no relvado. Mesmo que o tom possa ser diferente no balneário, não conseguir transmitir confiança fora deste pode levar a consequências até mais penalizadoras.
Mais. Uma equipa não é só um treinador ou os seus atletas. É também o reflexo de um clube. E um clube a viver apenas o dia a dia, sem projetar o futuro e se mostrar organizado e bem estruturado, pode igualmente influenciar negativamente na hora de definir um passe de rotura ou um remate à baliza. Uma direção que vai perdendo membros e massa crítica, mesmo que não tenha sido formada com os maiores especialistas, sobretudo a nível da direção desportiva, e que não consegue sacudir a ideia de apenas se ir aguentando viva até às eleições, cria naturalmente instabilidade no grupo. Mesmo que seja de forma inconsciente.
Até aquela intervenção de Rui Costa, muito ao jeito de um Frederico Varandas, que surgiu com o navio quase a ultrapassar a tempestade, ainda a meio de dezembro, terá tido efeito mais contraproducente do que criado um inspirador. Ainda que tenha sido com boas intenções, os líderes devem aparecer sobretudo nos momentos mais difíceis. Nesses, Lage e o plantel estiveram um pouco entregues à sua sorte.
Não é um clube assim capaz de criar uma cultura vencedora. Porque a erosão está em todas as camadas, em quase todas as modalidades e o futebol é o seu maior reflexo. Uma mentalidade de vitória teria levado a uma entrada em Alvalade e na Luz, diante do SC Braga, de peito feito, porque essa também influenciaria quem estivesse no banco, filtrado por esse perfil. De qualquer forma, esta Liga estará para quem esconda as fraquezas, elimine mais erros e a agarre com força. E isso e o adeus de Amorim tornam tudo possível. Até mesmo este Benfica ainda lutar pelo título de campeão."
Sporting-Benfica: um dérbi de olho na... Liga
"FC Porto e SC Braga saíram da Taça da Liga a pensar nas oportunidades que surgem no campeonato. Benfica ou Sporting: quem ganhar tem vantagem moral, quem perder vai passar mal...
A final four da Taça da Liga juntou os três grandes e o SC Braga e, seja qual for o modelo imposto, é notório que é exatamente com estes protagonistas que esta competição se sente melhor. Já nem falo de audiências, espectadores ou relevância, mas colocar as principais equipas em confronto nesta fase da época serve pelo menos de tira-teimas competitivo. E estávamos mesmo a precisar dele, porque 2024/2025 já nos deu um Sporting imbatível e um Sporting a tremer, um Benfica farto de Schmidt, outro recuperador com Lage e ainda mais um cheio de dúvidas, um FC Porto com uma Supertaça no bolso, mas com mais argumentos para os pequenos do que para os grandes e um SC Braga capaz do melhor e do pior em termos de resultados.
À partida para esta prova, os quatro treinadores terão refletido sobre como esta os poderia ajudar (ou não) a enfrentar o que falta da temporada. Vítor Bruno não a aproveitou, mas perder novamente com o Sporting até calhou numa boa altura: por um lado, os adeptos portistas estão num processo de reconstrução da confiança na equipa e, por outro, estão agora a dois dias de poder alcançar a liderança da Liga. Carlos Carvalhal também não saiu de Leiria feliz, mas a recente vitória na Luz deu outro alento à luta pelo quarto lugar com o Santa Clara.
Já Rui Borges e Bruno Lage chegam à final com muito para ganhar - e também muito a perder. O treinador dos leões lá vai conseguindo estabilizar a equipa e sobretudo dar confiança aos jogadores e ganhar aos dois principais rivais em menos de duas semanas é obra. O técnico das águias está mais do que habituado à contestação e, para já, deu a resposta firme que se exigia. Quem vencer o jogo deste sábado não levará só mais um troféu para o respetivo museu, mas terá um trunfo moral importante para enfrentar o campeonato, no momento em que este parece alcançável para qualquer um dos três grandes. Quem perder, sabe que em princípio será posto em causa, terá de responder a perguntas mais difíceis e terá menos adeptos do seu lado - tudo coisas que não ajudam quando for para entrar em campo na Liga (e, já agora, na Liga dos Campeões ou na Taça de Portugal).
Para já, a Taça da Liga vai dar-nos mais um dérbi e não vejo ninguém a queixar-se disso. Mas antevejo que a relativa acalmia destes dias - os que perderam nas meias-finais não estão muito preocupados e os que ganharam estão na expectativa de o repetir amanhã - não vai durar muito tempo. Leiria entretém-nos, mas a conversa volta a ficar séria já no domingo..."
Retrato de família
"A mesa estava posta. Ou quase. De facto, estavam lá os pratos, os copos, os talheres, os guardanapos. Estavam as cadeiras com os cachecóis da Selecção. Os camarões, a maionese, os queijos, os canapés, o folhado de alheira e presunto. As garrafas de vinho, o pão. Uma vela em cima da lareira com a fotografia de um familiar falecido para dar sorte. Mas faltavam as pessoas.
A televisão ligada com as equipas a entrar em campo e a sala ainda vazia. Alguém finalmente vem e grita para o resto da casa:
- Vai começar!
Na cozinha, a mãe Gabriela está agachada em frente ao forno a molhar o cabrito. A filha Rita tempera a salada, a filha Sónia abre minis e vai à varanda chamar o marido Rui que fuma cigarros com a cunhada Renata.
- Vai começar!
O pai Gustavo está na casa-de-banho a fazer uma reza para o espelho, cruzando várias vezes a mão em frente ao peito. Beija a santinha que tem no fio e sai para o corredor de onde se ouve a campainha. É o tio Américo, que entra e tira os sapatos.
- Anda, Américo, que vai começar!
Rui e Renata entram na sala a rir de uma piada que estavam a ver no telemóvel. Vem o pai Gustavo com um queijo fresco nas mãos e senta-se à cabeceira. Américo está na cozinha com a irmã, a colocar o patê que trouxe num pratinho. Da sala ouve-se o pai Gustavo:
- Já começou!
As filhas Rita e Sónia levam o patê, as saladas e as minis para a mesa. O tio Américo segue atrás delas. Sentam-se todos menos a mãe Gabriela que ainda está a finalizar o arroz de grelos. Sónia grita para a cozinha:
- Anda, mãe! Já começou!
A mãe Gabriela chega e senta-se. Finalmente, a mesa está posta com todas as pessoas dentro. Servem-se de vinhos, de cerveja, de queijos. Sente-se uma nervoseira que rapidamente é abafada por um lance mais perigoso para os franceses. A bola ronda a nossa área e todos param a olhar. Silêncio sepulcral.
A mãe Gabriela começa a "varrer", que é como quem diz a tentar soprar a bola para longe – hábito que foi ganhando ao longo dos anos de convívio com o marido e filhas e genros e noras e irmãos e tantos e tantos jogos que a família a obriga a ver. Não é que Gabriela não goste de bola, é só que chega a ser demais, tanto jogo, muito golo, demasiada ansiedade, conversas intermináveis sobre coisa nenhuma.
A bola sai de perigo devido ao extraordinário varrer da mãe Gabriela que soprou com tanta intensidade que agora já estamos nós na área francesa e pode ser golo, vai ser golo, foi quase golo, não foi golo. Voltam os comensais a olhar a mesa, a tirar camarões, a provar vinhos, a debater Bolas de Ouro.
- Eles são bons mas nós temos o melhor do mundo! - diz o pai Gustavo, enquanto come um camarão e deixa a cabeça no prato.
- Não vai comer essa cabecinha, Gustavo? - pergunta o genro Rui, afastando a discussão para outros carnavais.
- Eu, cá para mim, se me perguntarem, diria que entre Messi e Ronaldo venha o diabo e escolha… - solta tio Américo, apaziguador, enquanto mexe e degusta um tinto do Dão.
- Mas há alguma dúvida, Américo ? É o melhor do mundo e é português!
A filha Sónia vai a jogo:
- Ó pai, mas também ser português não é tudo. E, além disso...
- Schhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh...
Mãe Gabriela começa a varrer outra vez. A discussão e o golo francês que esteve demasiado próximo de acontecer. A bola aninha-se no colo de Rui Patrício enquanto a filha Rita, que é treinadora de futebol, deixa o seu parecer:
- Acho que estamos a recuar muito. Temos de pressionar mais alto.
- Ó filha, isto é mesmo assim. O primeiro milho é para os pardais. Deixa-os pousar…
- Não tarda nada e pousam é a bola dentro da nossa baliza.
- Oiçam a minha mulher, que ela é que sabe. – diz Renata, ainda fustigada pelas memórias canarinhas de um 1-7 contra a Alemanha dois anos antes.
O genro Rui delicia-se com o folhado de alheira e presunto da cunhada Rita. Serve o tio Américo de vinho; serve a mulher Sónia, que lhe sorri. Dão um beijo. O pai Gustavo está concentrado no jogo, a mãe Gabriela dá um gole no rosé e aponta a mira para o genro:
- Come o folhadinho, irmão. Antes que o teu sobrinho dê cabo dele.
Tio Américo ia fazer uma piada a brincar com Rui quando Cristiano Ronaldo caiu indefeso no relvado. A mesa congelou. Congelaram os vinhos, as cervejas, o coração de Gustavo, as mãos das filhas Sónia e Rita, o folhado, o país. Ninguém teve coragem de abrir uma palavra que fosse, um desejo, uma esperança.
Uma borboleta ainda meio em traça aninhou-se na sobrancelha direita do craque que chorava prostrado a sentir a tragédia lusitana. O esplendor de Portugal caía e só restavam as cascas dos camarões e as ilusões de um povo em chuva. Rui lembrou-se de um excerto desse poema extraordinário do Jorge Sousa Braga:
"A borboleta que poisou
no teu mamilo perdeu
vontade de voar."
Mas fechou-se em copas. Não falou do poema nem avançou com teorias futebolísticas sobre a possibilidade real de ver naquele tormento um milagre dos deuses."
sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Raríssimo 0-0 !!!
Taça de Portugal...
Sorteio estranho da Taça de Portugal realizado, hoje, com muitos confrontos da eliminatória ainda não decididos, incluindo a nossa deslocação a Faro!
Com os Corruptos eliminados, mais um Sorteio à medida dos desejos da FPF: Potencial final Benfica - Sporting; e das equipas ainda em competição, o Benfica no caminho para a Final terá muito provavelmente que defrontar as outras duas equipas mais cotadas: Braga e Guimarães!!!
Mas antes desses cenários, teremos o jogo em Faro, no São Luís, na Terça, após a Final da Taça da Liga. Independentemente do resultado de Sábado, o jogo para a Taça na Terça será muito complicado...
A incerteza no Benfica
"O mercado de transferências está aberto e, como todos, também tenho uma opinião sobre o que mais falta ao Benfica. Um médio. Um médio a sério. E só me lembro de Matic
Quando estiver a ler estas palavras o Benfica qualificou-se para a final da Taça da Liga ou ficou pela meia-final. Foram escritas antes do jogo e, no entanto, estou seguro de que o aqui está escrito continuará a ter relevância.
A época do Benfica — também do Sporting e FC Porto — tem sido de altos e baixos. A continuação de Roger Schmidt, que Rui Costa recusou sacrificar como bode expiatório de más exibições e maus resultados da temporada anterior, percebeu-se em quatro jogos e em menos de um mês de competição, foi um erro. Tudo levou a crer que entretanto corrigido com a substituição por Bruno Lage. Pouco mais de quatro meses depois da apresentação do atual treinador, porém, ninguém conseguirá dizer, com certeza, se foi a opção certa. Não é exclusivo do Benfica.
A recuperação do Benfica no campeonato e o desempenho na Liga dos Campeões pode não ter sido valorizado como se justificaria, mas isso agora pouco importará depois de a equipa ter voltado a suscitar muitas dúvidas.
A pressão dos adeptos que tinha sido aliviada com a saída do treinador alemão e com vitórias atrás de vitórias foi recuperada com duas derrotas seguidas, com Sporting e SC Braga, ambas no campeonato.
A incerteza sobre o que esperar, neste momento, de uma equipa que já ganhou 4-0 ao Atlético de Madrid e 4-1 ao FC Porto e acabou de sofrer duas derrotas seguidas, depois da queda do nível das exibições e da forma de alguns jogadores, não só tem a força de corroer a esperança como de alimentar a crítica. Quando o Benfica de Lage deveria estar a progredir o que se viu, naqueles jogos, é que regrediu. Isso entrou pelos olhos de quem vê e gosta de futebol há muito tempo.
Não menos importantes foram a falta de respostas do treinador em campo e algumas respostas dele sem adesão à realidade, como a observação de muitas oportunidades de golo produzidas pela equipa nos dois últimos jogos do campeonato.
Seria preciso mais tempo, espaço e conhecimento para avaliar algumas explicações técnicas e táticas de Lage. O que é fácil é concluir que não se sabe bem o que esperar da equipa. Mal ou bem, muito ou pouco, sabe-se o que esperar do City de Guardiola, do United de Amorim, há identidade e impressão digital, sejam os resultados bons ou maus.
Nos nossos dias abusa-se do recurso a expressões mais elaboradas para falar de futebol e quando vemos o Benfica jogar ninguém encontra o que há uns anos, de forma simples, se resumia a fio de jogo. Talvez por isso não estejam os avançados a marcar.
Não quero parecer velho e nem ser injusto na análise e talvez possa estar a sê-lo. O Benfica, afinal, continua na corrida pelo título, principal objetivo para qualquer dos três grandes. Já mostrou que pode ser muito melhor do que foi recentemente.
A recente explicação de Bruno Lage sobre a menor utilização de alguns jogadores, por outro lado, foi pouco clara. Nunca poderá dizer tudo, compreende-se, sobretudo porque não teve responsabilidade na construção do plantel, apesar da qualidade reconhecida. Ficam por conhecer-se, verdadeiramente, os motivos pelos quais Rollheiser, Schjelderup ou Prestianni têm feito pouco mais que número.
O mercado de transferências está aberto e, como todos, também tenho opinião sobre o que mais falta ao Benfica. Um médio. Mas um médio a sério. E só me lembro de Matic. Ou de Javi García, vá lá. Talvez o Benfica não queira ir por aí. E isso também pouco interessa ao caso."
Taça da Liga, o troféu de que ninguém gosta e todos… querem
"O modelo não é, obviamente, o ideal. Não é possível ter sol na eira e chuva no nabal, mas parece-me que é o que todos ambicionam…
A Taça da Liga atingiu a maturidade. No sábado disputa-se a final da 18.ª edição da competição, que, ainda assim, continua como uma espécie de patinho feio do futebol português. Isto embora continue a ser aproveitada cirurgicamente pelos clubes. Pelos grandes, claro. É valorizada quando a conquistam e secundarizada quando a perdem. É assim há 18 anos. Já é mesmo um… clássico.
É louvável o esforço feito pela Liga na promoção da prova. Pedro Proença e toda a sua equipa têm lutado nos últimos anos pela afirmação da Taça da Liga e têm realizado um trabalho bem meritório. Gosto do modelo de final four e também considero que a designação de campeão de inverno foi muito bem conseguida.
A indústria do futebol exige a cada dia mais jogos e não é fácil para ninguém organizar uma competição, por mais pequena que ela seja, até porque vivemos tempos de verdadeira histeria sobre a densidade dos calendários. Os investimentos dos clubes aumentam a cada ano, pelo que há, claro, necessidade de angariar mais receitas, o que, principalmente num país periférico como o nosso, só se consegue com mais… jogos.
O modelo adotado para esta época é discutível. Ruben Amorim até o abordou publicamente, considerando-o injusto desportivamente, mas vejo-o como uma espécie de mal menor. Oito participantes, sete jogos e um vencedor, que terá toda a legitimidade para celebrar, pois a competição até acaba por ser justa e transversal. Os seis primeiros classificados da Liga e os dois primeiros da Liga 2 da época transata.
Para muitos, o modelo foi criado para juntar os quatro grandes na final four, o que acabou por acontecer. Mas também há que referir que tal leitura já vem de há muito e em 18 anos esta foi apenas a terceira vez que tal sucedeu — 2018/2019 e 2020/2021 foram as anteriores —, com Sporting e Benfica a defrontarem-se pela terceira vez na final, com uma vitória para cada um.
O modelo não é, obviamente, o ideal. Não é possível ter sol na eira e chuva no nabal, mas parece-me que é o que todos ambicionam…
A Taça da Liga pode, obviamente, crescer. Contudo, não será fácil. Vejo dois caminhos para tal suceder: dar apuramento para uma competição europeia ou internacionalizar-se. O atual presidente da Liga iniciou o caminho, que todos sabemos que não será fácil nem… rápido. É um objetivo de Pedro Proença, que caso ganhe as eleições para a FPF não o poderá concretizar, mas terá a oportunidade de ajudar a torná-lo real. Acredito que um dia a Taça da Liga poderá disputar-se no estrangeiro e esse será sempre um legado de Proença.
Recordo-me bem das finalíssimas da Supertaça Cândido de Oliveira realizadas em Paris. Curiosamente, em anos consecutivos: 1994 e 1995. Primeiro com o FC Porto a fazer a festa (1-0 sobre o Benfica) e depois o Sporting (3-0 ao FC Porto). Inesquecíveis as festas dos emigrantes no Parque dos Príncipes. E por que não voltar a repeti-las? Outra vez em Paris, na Suíça ou na… Arábia Saudita, aproveitando o fenómeno Cristiano Ronaldo."
Sporting, FC Porto ou Benfica? Quem tem mais fome?
"Leão recupera da congestão; Dragão em dieta pode ser campeão; Águia em estranho jejum intermitente...
A cena faz parte do vídeo de promoção de uma nova série da Netflix sobre o campeonato na Arábia Saudita. Cristiano Ronaldo sentado numa cadeira junto ao relvado a assistir a um treino do filho Cristianinho até parece uma pessoa absolutamente normal e não o mais mediático ser humano que alguma vez habitou este planeta. A seu lado, Ricardo Regufe, com quem vai mantendo uma conversa trivial de pai.
«Este é mais calminho, ao contrário dos irmãos, que dão muito mais trabalho», comenta enquanto aprecia mais uma habilidade do filho. «É mais forte do que eu quando tinha a idade dele. Acho que vai ser mais alto», vaticina CR7. Ricardo Regufe atira: «Veremos se terá a mesma fome…». Cristiano
Ronaldo retorquiu: «A fome é o mais difícil…»
Ronaldo sabe do que fala… É a fome que marca a diferença e que dita a dimensão do sucesso. A fome que nos mantém em permanente desconforto que abraçamos em busca de novas cadeiras de sonho a cada meta alcançada. A cada recorde batido. A fome.
A fome que o Sporting mostrava com Ruben Amorim, insaciável nas vitórias, nos golos, nos recordes que queria bater. E que se transformou, num ápice, em congestão com a saída do treinador. Um jejum penoso. O Sporting que elegeu um outro chefe que cozinhava pelo mesmo livro de receitas, mas nunca é a mesma coisa. Amorim é aquela avó que cozinha como ninguém por muitos que todos sigam a mesma receita. Até Rui Borges aparecer como água do Fastio que faz reabrir o apetite.
O FC Porto entrou na época com a forme tradicional, mas um regime alimentar de dieta a aconselhar paciência e um trabalho rendilhado de gourmet. E se houve fases em que parecia mais pisco e enjoado com a comida, o certo é que, grama a grama, caloria a caloria, pode ser considerado o campeão da 1.ª volta se vencer o jogo suspenso com o Nacional.
Já o Benfica, é um caso atípico de jejum intermitente e fora de horas. Mostrou essa fome com a chegada de Lage, que teve o mérito de escolher os ingredientes mais certos para os pratos mais corretos. E os jogadores revelaram ter essa fome numa altura em que o Sporting ainda de Amorim dava sinais de que seria uma época de passeio, inquebrável, plena de maturidade. O objetivo era apenas o de uma tentativa de aproximação aos leões até final do ano. O leão quebrou com aparato, a liderança acaba por cair no colo do Benfica mas… e equipa tornou-se esquisita. Em vez de agradecer e aproveitar para se afirmar como novo principal candidato ao título, a águia entrou em jejum intermitente, que aqui também levou a perda de peso e de argumentos para a liderança… Muito estranho este medo de ser feliz. Este fastio súbito quando se esperava uma voracidade renovada. Com Lage a parecer cada vez mais Roger Schmidt, até na capacidade de irritar os adeptos. Cometendo o mesmo duplo erro do alemão: fingir que não ouviu os assobios; e explicar um jogo que os adeptos não viram… E poucas coisas irritam mais os adeptos.
E eis que de repente, de novo um apetite voraz, no jogo com o SC Braga da Taça da Liga, provando que depressa e bem também há quem. E na final, com o mesmo Sporting com quem perdeu em Alvalade? De novo a fome ou o jejum intermitente?
Voltemos ao início: nunca conheci um ser humano com tanta fome quanto Cristiano Ronaldo. Em qualquer área de atividade. Sei que igual a Diego Armando Maradona nunca mais verei jogar. Mas como modelo de vida, de dedicação e de excelência, Cristiano Ronaldo será sempre o número 1. O maior jogador da história do futebol. Porque é um eterno…. esfaimado."
Na final
"O Benfica ganhou, por 3-0, ao SC Braga, e está apurado para a final da Taça da Liga. Este é o tema em destaque na BNews.
1. Vencer é o objetivo
O treinador do Benfica, Bruno Lage, elogia os jogadores e lança a final: "Tivemos uma entrada muito boa no jogo, prolongámos essa entrada, tivemos imensas oportunidades de golo. Os bonitos golos que marcámos vêm exatamente disso, da forma como controlámos o jogo com bola e sem bola. Objetivo cumprido nesta meia-final, estamos na final e a mensagem que passei aos jogadores é vir com a mesma determinação para vencer. Agora é preparar a final da melhor maneira, porque queremos vencer."
2. Determinação
Álvaro Carreras salienta a mentalidade da equipa na abordagem à partida e à competição: "Entrámos com tudo para passar à final e já [estamos] com o pensamento em sábado."
3. Homem do jogo
Veja os melhores lances de Di María, autor de dois golos e considerado o Man of the Match.
4. Ângulo diferente
5. Outros resultados
Os Sub-23 perderam, por 3-1, na deslocação a Famalicão; a equipa feminina de voleibol foi derrotada, por 1-3, pelo RMF Chieri'76 na 1.ª mão dos quartos de final da Challenge Cup; a equipa feminina de hóquei em patins goleou o Parede, por 18-0.
6. Jogo do dia
O Benfica defronta o HC Liceo, na Corunha, a contar para a 5.ª jornada da fase de grupos da WSE Champions League. Edu Castro salienta: "Teremos de fazer um jogo muito bom para seguir com o pleno de vitórias."
7. Chamada internacional
Quatro futsalistas do Benfica integram a mais recente convocatória da seleção nacional.
8. Agenda para amanhã
Em futebol no feminino, o Benfica visita o Torreense, às 19h00; e a equipa feminina de futsal tem dérbi com o Sporting, na Luz (21h30)."
A (espessa) espuma dos dias
"À semelhança de muitos benfiquistas, pertenço a uma geração que não viveu nem testemunhou grande parte dos feitos e momentos dourados, que compõem a nossa história, e ainda hoje, ecoam pela eternidade fazendo apaixonar quase imediatamente quem tão simplesmente ouve a palavra e o nome Benfica; mas à semelhança daqueles que como eu não o fizeram, sonho em fazê-lo, e não irei nunca deixar de lutar e fazer a minha parte para que também eu possa um dia testemunhar aos que a seguir a mim vierem, feitos glórias de uma história que tem tudo menos comparação!
Mas tanto a nossa história como a vida de cada um de nós é atravessada pela espuma dos dias e aquilo que a alimenta; resignação e conformismo nunca fizeram parte do imaginário do Benfica, e muito menos foram até hoje as pedras basilares do que fomos alcançando ao longo de mais de cem anos de história. Foi assim na dourada década de 1960, como foi assim nuns anos de 1990, que testaram a fibra e a crença de cada um de nós, de uma forma que nos transportou até ao mais profundo das nossas forças. E é por isso mesmo que na espuma dos dias, dos dias que correm, devemos preservar isso para darmos a volta por cima.
Não quero nem desejo ter um Benfica que normalize muito do que temos visto recentemente, seja pelo que vemos dentro, mas também fora do campo, quero nesse lugar um Benfica que se ganhar quatro campeonatos em cinco anos, «se mate» a tentar perceber porque não ganhamos os cinco ao invés de «apenas» celebrar essas quatro conquistas; não quero um Benfica onde internamente reine um mindset que nos leve a enraizar erros de gestão com consequências palpáveis e visíveis, quero nesse lugar um Benfica em que nunca falte o inconformismo de quem ousa honrar os ases do passado até á última gota de sangue. Um Benfica que vemos vezes de mais a querer relativizar e normalizar muito do que se tem visto e falado nos últimos tempos, não é o Benfica que devemos querer ter, temos forçosa e historicamente de ser um Benfica de orgulho próprio «leal mas onde o jogo é para ganhar», para que a espuma dos nossos dias seja uma que sirva de combustível para voarmos cada vez mais alto.
De certeza absoluta que em muitas ocasiões odiamos ter razão, especialmente naqueles momentos em que sentimos as nuvens negras a aproximar-se, mas esses devem ser os momentos do toca a reunir; não nos enganemos por isso quanto à importância do atual momento do Benfica, somos atualmente presenteados com um conjunto de escolhas, que a médio/curto prazo terão uma importância decisiva na vida do clube, seja relativamente à vertente desportiva, seja no que diz respeito à discussão dos estatutos, ou até no que concerne á componente comunicacional; porque permitam-me a honestidade e não desfazendo da importância de que de certeza o tema aufere, mas há neste momento coisas bem mais importantes para discutir e falar do que um novo estádio com 120 000 lugares.
Aprendi a gostar do Benfica à minha maneira, com as dificuldades a inerentes a quem mora longe de Lisboa, em criança com o olhar iluminado quando de carro passava ao pé do Estádio da Luz, via nesses breves segundos a porta para um propósito maior ... o de fazer daquele o meu campo de muitas batalhas para honrar a nossa história, de ter (como felizmente consegui), o meu lugar anual, de ficar intratável quando não consigo ir a um jogo; cresci por isso a querer ter sempre a sensação de que eu ou o meu contributo nunca serão maiores que o Benfica, a militância benfiquista de cada um de nós, deve fazer-se valer pela força da nossa crença unificada, sem olhar a nomes de quem preside, treina ou joga, esses como nós na vida acabaram por passar, já o Sport Lisboa e Benfica, ficará, e é a nossa responsabilidade garantir com que fique um Benfica maior e melhor e ainda maior que aquele que conhecemos desde os nossos primeiros dias.
Que tenhamos sempre a capacidade de conseguir resistir à tentação de navegar sobre a espuma que nasce dos dias, o mesmo equivale a dizer que a chave para atravessar os tempos e os momentos aparentemente mais tenebrosos, residem no equilíbrio entre a razão e paixão, devemos sempre ser audazes e perspicazes na hora de estarmos do lado certo da história, mas é a nossa paixão e amor ao Sport Lisboa e Benfica que deve a estrela que nos guia nesse caminho; o Benfica é demasiado grande e influencia o suficiente a nossa estabilidade emocional, para corrermos o risco de nos atirarmos para as batalhas que se avizinham (em várias frentes), de olhos vendados e a julgar que é mais fácil construir do que destruir. Porque ao final do dia, todos e cada um de nós, vai querer cair no sono noturno de sorriso na cara e a «ouvir para si mesmo» ... «Sou do Benfica e isso me envaidece»! E tão bom que será sempre sermos do Benfica ..."
Tenho dito!
Entra un vello pola porta e di pra todos: Bom día! Parabens aos do Benfica, o que non é do Benfica que se foda.
— TheD0ctor (@TD0ct) January 9, 2025
Portugal sitio distinto. pic.twitter.com/TFbJdvhqts
Coincidência do car*!!!
Ele há infelicidades “levadas da breca”. Coincidências… pic.twitter.com/G2dcy7ppVE
— BenficabyGB_NGB (@benficabygb) January 9, 2025
Outro dos Pretorianos!!!
então mas não existiam? Não era mentira? https://t.co/WcL37D3yz3 pic.twitter.com/QW6uu5hlls
— Hugo Gil (@HugoGil07) January 8, 2025
O perigo de se ser maior que o próprio desporto
"Há dias, em conversa online, um dos membros desta nossa/vossa casa, falava de “deserto, pubs e xadrez”, assim seguido, que parece uma tríade pouco comum, mas era o que naquele momento dominava a página de abertura da Tribuna Expresso. Quem se queixa que a semana entre o Natal e o final do ano é uma espécie de vazio cósmico não podia estar mais errado: há os primeiros roncos da preparação do Dakar, o absolutamente louco Mundial de dardos entra na fase decisiva e este ano jogou-se também o Mundial de rápidas e relâmpago de xadrez, com final no derradeiro dia de 2024.
O fim de ano coaduna-se mais com a festa e os figurões do povo que marcham no Alexandra Palace de Londres para disputar, nadando dentro de muita cerveja, o Mundial de dardos - este ano com vencedor adolescente e amante de fast food -, mas não consigo deixar de pensar em Magnus Carlsen. Ou em xadrez. Que tenha escrito primeiro o nome do campeão norueguês antes da modalidade que pratica não foi por acaso.
Não se pode dizer que o xadrez seja uma modalidade mainstream. Mas é mais popular do que nunca. E muito se deve a Magnus Carlsen. Em tempos idos, o xadrez era mais sinónimo de metáforas para lutas geopolíticas, de gente engravatada horas a fio em frente a um tabuleiro, campeões austeros, alguns talvez um pouco loucos, mas sempre cinzentos. Magnus Carlsen baralhou essas contas. Ninguém estaria à espera que o melhor jogador de xadrez a dado momento da história (em termos de rating, o melhor de sempre) fosse um adepto fervoroso do Real Madrid (já deu até o pontapé de saída de um jogo dos merengues), que fizesse campanhas fotográficas para marcas de roupa, aparecesse num episódio dos “Simpsons” ou tivesse tido um convite para participar num filme de J.J. Abrams (não concretizado apenas por motivos burocráticos), isto enquanto enverga uma cabeleira indomável por qualquer pente. Mas assim é Magnus Carlsen. E o xadrez tornou-se sexy again (ou pela primeira vez) muito por causa dele.
Mas quando é que uma criatura se torna mais poderosa que o seu criador? E isso é necessariamente bom? Na última semana do ano, o xadrez foi notícia por duas razões. Primeiro, Magnus Carlsen levou a mal que a organização do Mundial não o deixasse jogar de calças de ganga e por isso abandonou a competição de rápidas. De facto, 2024 já não é exatamente tempo para se insistir em códigos de vestimenta rígidos, nem mesmo no tradicional xadrez. Por outro lado, Carlsen sabia as regras antes de entrar em jogo, conhece-as há anos e anos, aliás, e só se queixou depois.
Mas, reconhecendo o mofo da regra (e, inconscientemente, o medo de perder o seu porquinho mealheiro), a FIDE, federação internacional de xadrez, mudou-a, fazendo a vontade ao grande mestre, que voltou para a competição de blitz.
E então vamos para a razão número 2. A final do Mundial de blitz encontrava-se num impasse, com Magnus Carlsen e Ian Nepomniachtchi empatados. O norueguês, superestrela de um desporto pouco habituado a gente tão colorida, considerado um dos homens mais sexy do mundo pela revista “Cosmopolitan” em 2013, propôs que o título fosse repartido. Estava cansado e não queria jogar mais, disse. A FIDE, mais uma vez, anuiu à vontade do seu jogador-bandeira, mesmo que os regulamentos possibilitem outras formas de deslindar um vencedor.
Pareceu altruísta por parte de alguém a quem não faltam recordes, mas é bem capaz de ter sido só uma jogada de poder. Afinal de contas, quem manda mais: o xadrezista ou a instituição que gere o xadrez?
A reflexão serve para o xadrez como para qualquer outro desporto. Ou instituição. Ou empresa. Carlsen, que colocou milhares de pessoas a jogar xadrez, que investiu somas consideráveis em aplicações online que espalharam a modalidade pelo mundo durante a pandemia e que tem um mérito incomensurável por isso, também usa o desporto para as suas birras pessoais, como acusar sem provas um adversário de batota (uma guerra que deverá, em breve, resultar num filme produzido por Emma Stone), recusar-se a disputar o título mundial a não ser contra determinados adversários e, agora, desviar a atenção da competição para os seus pequenos braços de ferro.
Certo é que, no final de 2024 e inícios de 2025, falou-se de xadrez. Mas falou-se mesmo de xadrez? O que seria se tal acontecesse com outros desportos mais populares? Se Novak Djokovic decidisse que não queria jogar mais de branco em Wimbledon? Pode acontecer, um dia, quem sabe. Pelo sim, pelo não, mais vale nenhum desporto estar nas mãos de apenas um alguém."
Ninguém viu o umbigo do inevitável Pé de Valsa
"Era tão viciado no drible que Bella Guttmann o multava por cada finta desnecessária
Vício que é vício a sério, entranha-se. E não larga a vida da malta. Por isso, quando falei aqui há pouco, nestas pequenas eu-biografias, do Piteira, o craque que fumava cigarros pela piteira, fiquei fixado em escrever também sobre Antônio Machado de Oliveira, assim mesmo com acento circunflexo que faz do nosso António um António sem Baía da Guanabara, sem Cristo Rei e sem Redentor (‘qui lindo…’ segundo o João Gilberto), jogador com uma das alcunhas (para eles é apelido) mais bonitas de todos os tempos: ‘Pé de Valsa’. Só de imaginar mergulhamos na vida de uns poucos de Strauss e do Tchaikowski, Danúbio Azul, Rosas do Sul, Lago dos Cisnes e por aí fora. Mas Antônio de austríaco ou de polaco não tinha nada. Era um fanático do drible, da firula, viciado mesmo, pois então, de tal ordem que o nosso conhecido Bella Guttmann, quando o apanhou no São Paulo, em 1951, decidiu aplicar-lhe uma multa por cada drible que achava desnecessário. Oliveira, como lhe chamavam, podia ter ficado falido, logo ali, sem remédio, mas fintou até o húngaro que ganhou duas Taças dosCampeões com o Benfica. Não era um simples Oliveira, um daqueles Oliveiras que há pelo Brasil aos trambolhões, mais linda rama, menos linda rama, era o Pé de Valsa, e Pé de Valsa só cresce de uns duzentos em duzentos anos. Por falar em rama, foi no bairro de Ramos, na periferia do Rio de Janeiro, Zona da Leopoldina, no clube Unidos da Coroa, que Antônio começou a aplicar as suas maroteiras que desnorteavam os adversários, deixando-os mais fulos do que uma manada de bisontes avançando em tropel acirrados por apaches nas reservas do Colorado. Marcaram-no logo desde menino. Passou a ser vítima dos cotovelos alheios e dos pitons do inimigo. Ainda não era O Pé de Valsa mas não tardaria a sê-lo. Fazia que ia e não ia, e às vezes ia mesmo quando os defesas estavam à espera que não fosse. Compreendem? Se não compreende não faz mal porque ninguém entendia Pé de Valsa. Volta e meia era fantasmagórico e atravessava defesas inteiras na sua versão de ectoplasma. Os que o invejavam deram-lhe outra alcunha: Fominha. A versão brasileira do fução da nossa infância, essa palavra estranha que ganha grafias à medida que crescem cogumelos – foção e fossão – mas que o Dicionário Houaiss atribui à vertente futebolística, assim resvés Campo d’Ourique. O Unidos era clube amador. Mas o Bonsucesso pagou por ele. Bonsucesso era nome que prometia e Antônio cumpriu. E passou para o Fluminense. A coisa nas Laranjeiras era bem mais complicada. Não havia lugar para garotos e Pé de Valsa ainda era um garoto, com vinte e um anos mal feitos. No primeiro jogo no Maracanã não aguentou o peso de mais de cento e cinquenta mil espectadores. Tremeu como varas verdes. «Fiquei mal, bati castanholas com meus joelhos de tanto tremer». Depois entrou em campo e foi ele próprio, jogando na frente com Índio e Bigode.Há que reconhecer que uma linha avançada assim dá um certo sainete. Magricelas, com as costelas à mostra e os joelhos agudos do tempo em que morava noPlaneta Fome, como dizia ElzaSoares, tratou de azucrinar impiedosamente qualquer um que lhe aparecesse pela frente. Ainda por cima era um achado seja para que treinador fosse já que também alinhava a médio defensivo e até a central. A sua passada era larga como a de um casuar, as suas arrancadas devastadoras. E os dribles, os seus dribles (ou o seu vício, se preferirem) surpreendiam toda a gente, até talvez o próprio porque é assim que funcionam os que foram abençoados pelo Duende do Lorca. Depois de seis anos no Fluminense seguiu para São Paulo e jogou precisamente no São Paulo. Os dribles começaram a escassear porque Guttmann não estava para aí virado. E, no entanto, quando jovem, Guttmann foi bailarino. Como não abrir os olhos para não perder as danças do fogo de Antônio? Passou à reserva. O homem que jogava com os calções muito subidos, chegando quase ao abdómen, Pé de Valsa, nome único, apepinador de defesas, fazia questão de que ninguém lhe visse o umbigo."
Bela joga, Sim Senhor Sábado Há Mais
"Braga 0 - 3 Benfica
Um sarrabulho para chegar ao estádio: trânsito caótico, polícias que não percebem nada do assunto, indicações é mentira, desastre. É isto o futebol em Portugal.
05' Entrámos a pressionar - uma novidade boa - e o Tomás já meteu uma na barra. Carrega, Benfica!
10' Segunda grande oportunidade. Di María com penálti em andamento. Alguém deles interceta a bola no chão.
15' Já se percebeu que vamos ter uma arbitragem à futebol da tugalândia: marca tudo e mais alguma coisa. Uma anedota.
21' Uau, Carreras, ca granda jogada! Mais uma a merecer golo, boa defesa do guarda-redes. Eles até agora zero! O jogo está todo nosso.
27' Mas que jogada linda! Di María, a tabelar com o Tomás, e a trazer alguma, ainda que pouca, justiça ao resultado: 1-0!
28' E agora Carreras em fantástica jogada individual!!! Maravilha: 2-0!
36' Muito bem Pavlidis, bela transição, bela assistência pro Di María. E vão três!!! SLB, SLB, SLB!
40' Baixámos um pouco o ritmo, compreende-se.
45+1' O Trubin já fez alguma defesa? Confirmei agora no SofaScore: zero remates do Braga (nós 10!). E têm em campo o Horta, Navarro e Bruma.
46' Queremos 90 minutos de bom futebol! Vamos!!!
49' Ó Schjelderup!!! Mais uma bela abertura-assistência do Pavlidis - e esta não vai para as estatísticas.
54' Carreras em tiro ao boneco no árbitro. De apanhados. E agora o Pavlidis em jogada individual a falhar por centímetros.
58' Épá, este golo do Schjelderup nunca podia ser anulado. Não se anulam obras-primas!
60' Di Magia espalhada pelo relvado.
72" E o Cláudio Pereira continua a dar uso inusitado ao apito. Siga!
74' O Pavlidis também tem galo, nossa senhora! Esta devia ter entrado. E agora vem aí o Arthur Cabral.
79' Bem o Otamendi a apoiar o miúdo deles que levou vermelho de VAR.
83' É cada bola dividida neste jogo. Agora tocou ao Otamendi a sapatada.
87' Estamos com pena do Braga? É marcar mais.
90+4' Caramba, como nós, adeptos, merecíamos um jogo assim! Sábado estamos de volta a Leiria."
A fome do Benfica uniu-se à classe de Di María para marcar um dérbi na Taça da Liga
"Numa exibição cheia de energia e qualidade, as águias não deram hipóteses ao SC Braga, vencendo por 3-0. As duas derrotas seguidas pareceram espicaçar uma equipa que, com Araújo a lateral e Schjelderup a titular como novidades, viu Di María brilhar com um bis. A final da Taça da Liga, sábado, será contra o Sporting
Entre o final de 2024 e o início de 2025, o Benfica pareceu desistir de jogar primeiras partes. Em Alvalade e contra o Sporting de Braga, as águias entraram nos encontros sem, verdadeiramente, terem presença competitiva neles. Foram arranques apáticos, com pecados táticos, técnicos e de agressividade.
Bruno Lage, ao considerar a falta de eficácia a causa maior das duas derrotas seguidas, parecia contribuir para o estado de adormecimento. No entanto, ao terceiro embate de alta exigência, muito mudou.
Havia primeiras partes de pouco fulgor ofensivo? Então tomem lá três golos num primeiro tempo. Queixavam-se de uma equipa com pouca velocidade e criatividade? Então vejam minutos de jogo elétrico, com muitas oportunidades, num desafio em que o Benfica até foi bem mais perdulário do que nos dois embates prévios.
A noite de Leiria — na Taça da Liga dos mil e um formatos e da promessa sempre adiada, qual horizonte em constante fuga, da famosa “internacionalização”, da exportação do torneio para o estrangeiro que tarda em suceder — foi de recuperação da energia das águias. Na segunda parte, já com 3-0 no marcador, a equipa de Bruno Lage mantinha-se a correr com um sentido de urgência como raramente apresentou no passado recente.
O 3-0, que marca um dérbi contra o Sporting na final da Taça da Liga, é uma história do vendaval Benfica que, durante boa parte do jogo, atropelou o SC Braga. Aos 25’, já os lisboetas haviam disposto de diversas oportunidades claras: um cabeceamento de Tomás Araújo à trave, um tiro de Carreras para defesa de Matheus, um remate por cima de Pavlidis.
Mas é preciso magia para concretizar a energia. É preciso arte para dar sentido ao ímpeto. E a arte está sempre presente em Di María, estrela maior da meia-final. Aos 27', após tabela com Tomás Araújo, o central que foi lateral e, com a sua técnica, deu lições de como atacar, Di María atirou para o 1-0. O marcador começava a expressar a superioridade de um conjunto que foi sempre muito melhor.
Para resumir a fome do Benfica, basta ver que, logo depois do 1-0, veio o 2-0. Bola ao centro e, como quase todas as bolas que o Sporting de Braga foi jogando, bola rapidamente recuperada pelo Benfica. Kökçü dá para Álvaro Carreras, que tira Vítor Carvalho — uma sombra do que fez na Luz — da frente e atira para o golo.
A equipa de Carlos Carvalhal, no reencontro com o ex-adjunto Bruno Lage, foi quase sempre um conjunto perdido em campo. Com os problemas defensivos do costume, com enormes problemas para chegar perto de Trubin. Só aos 48', num remate muito perigoso de Roger, conseguiram os minhotos realizar um disparo, na única oportunidade de golo que os vencedores da passada edição deste troféu criaram.
Um bom exemplo da vontade do Benfica foi Pavlidis. O grego voltou a não marcar, apesar das várias chances de que dispôs. Tentou uma e outra vez, mas ou não tinha pontaria, ou Matheus defendia, ou chegava atrasado, terminando sempre essas jogadas com o mesmo ar triste daquela pessoa que perde o autocarro no último instante, um homem desolado por ter de estar mais uns longos minutos na paragem.
Não obstante, Pavlidis não saiu do jogo sem contribuir. Mais lesto a combinar do que em partidas recentes, teve uma grande jogada rumo ao 3-0, num lance que sintetizou boa parte da partida: houve erros defensivos do SC Braga, com más abordagens de João Ferreira e Robson Bambu, houve energia do Benfica, com Pavlidis a correr metros e metros, houve precisão, num belo cruzamento do helénico.
E houve Di María, que finalizou com carinho, suavemente. 3-0 e a meia-final quase decidida ao intervalo.
Andreas Schjelderup foi a grande novidade no onze de Lage. Foi a primeira vez que o jovem norueguês atuou de início na equipa principal do Benfica. Com bons pormenores técnicos, esteve quase a marcar depois do descanso, quando foi servido por Pavlidis e contornou Matheus, mas viu João Ferreira evitar o 4-0 em cima da linha.
Com um jogo de simulações e tentativas de finta curta, Schjelderup voltou a destacar-se pouco depois, fintando João Ferreira e picando por cima de Matheus. Pavlidis empurrou para o fundo das redes, mas estava fora de jogo. O ex-AZ Alkmaar voltou a não marcar, mas desta feita saiu debaixo de aplausos, longe dos assobios do último desafio. O que uma vitória faz.
Com o resultado muito desnivelado, Carlos Carvalhal tentou mexer na equipa para o segundo tempo, mas o SC Braga passou por Leiria como uma equipa ausente, uma memória distante do conjunto equilibrado e assertivo do passado sábado. Di María, até sair, foi dando espetáculo, como se, a um mês de cumprir 37 anos, este campeão do mundo, campeão da América, campeão da Liga dos Campeões, campeão de tudo, nos quisesse lembrar do privilégio que é ter um dos melhores futebolistas da sua geração a pisar os relvados nacionais.
Com o aproximar do final, o Benfica foi começando a pensar na final de sábado. Grande dominador das edições inaugurais da Taça da Liga, ganhando sete dos nove primeiros troféus, o clube da Luz não leva o troféu desde 2016. Para o Sporting de Braga, o pesadelo completou-se aos 78', quando o jovem Jónatas Noro, defesa de 19 anos que nunca atuou, sequer, na I Liga, foi expulso com vermelho direto apenas cinco minutos depois de entrar.
Os derradeiros minutos foram um tranquilo aguardar pela conclusão de um embate que nunca foi um embate. Foi mais um atropelo, uma explosão de energia contra uma junção de erros. O primeiro troféu de 2025 será decidido com um dérbi eterno."
Benfica-SC Braga, 3-0 Afinal a 'morte' do Benfica não passou de 'fake news'
"Águia fez prova de vida com jogo intenso e autoritário e transformou a final de sábado num escaldante dérbi; Di María e Carreras (com ajuda de Pavlidis) atiraram o SC Braga ao tapete em dez minutos
Convenhamos, foram manifestamente exageradas as notícias que pareciam fazer crer que o Benfica 2024/25, após as derrotas com Sporting e SC Braga na Liga, jazia sob um(a) Lage. Mas não culpem o mensageiro. antes as fontes: a própria equipa de Bruno Lage e os sinais (nefastos) que há muitas semanas vinha dando em termos exibicionais. O momento exigia resposta cabal, porque cair aos pés dos guerreiros do Minho pela segunda vez consecutiva poderia transformar as nuvens negras que pairavam sobre a Luz numa tempestade de consequências imprevisíveis, e o Benfica deu-a.
Bruno Lage fez a equipa reagir e voltar a mostrar a melhor face, muito por culpa da mentalidade que empregou em campo desde o apito inicial — e que não mostrou nas duas primeiras partes dos jogos anteriores e não só.
Deu irrefutável prova de vida com triunfo robusto, que até pecou por escasso, e transformou num dérbi de Lisboa a final de sábado!
Em Leiria, o adversário foi o mesmo de há dias, mas a receita de Lage teve condimentos diferentes em todos os setores: na defesa, desviou Tomás Araújo para o lado direito e fez regressar António Silva ao eixo; no miolo, devolveu Florentino ao onze e tirou Leandro Barreiro; e no ataque surgiu a maior novidade, a titularidade de Schjelderup, que surgiu no lugar do apagado Akturkoglu e fez a estreia a titular a quatro dias de se completarem dois anos sobre a sua contratação.
Do outro lado, Carvalhal quis adotar a máxima que diz que em equipa que ganha (ao Benfica) não se mexe e só não repetiu o onze da Luz porque o central Niakaté, que esteve em dúvida até perto do apito inicial, não foi opção e foi rendido por João Ferreira.
COM O 'CHIP' CERTO
Ainda assim, mais do que a troca de peças, o que fez diferença nos encarnados foi o chip com que entraram no jogo, que redundou numa 1.ª parte totalmente dominada e arrasadora na intensidade, na atitude e na capacidade de pressão. E que rendeu três golos (no espaço de 10 minutos) que arrumaram o jogo logo na 1.ª parte, que mostrou um SC Braga completamente manietado e sem conseguir gizar praticamente uma jogada com cabeça, tronco e membros até ao intervalo — a exceção foi o lance do golo anulado a Bruma aos 23'—, por culpa, reforce-se, da intensa pressão encarnada, também no momento da perda da bola, a contrastar com a pouca agressividade dos arsenalistas.
Depois de vários avisos do Benfica (5', 11', 21', 26'), o 1-0 chegou aos 27': Pavlidis lançou Di María sobre a esquerda, este combinou com Tomás Araújo, tirou Gorby da frente com finta de corpo já no interior da área e depois o pé esquerdo fez o resto.
O 2-0 chegou segundos depois, com Carreras a receber a bola de Kokçu na meia esquerda, a tirar Vítor Carvalho da frente, e a disparar para a área sem mais oposição, rematando cruzado para o 2-0, aos 28', que encostou os guerreiros às cordas.
O SC Braga esboçou ténue reação e pagou a fatura aos 37', quando a primeira linha de pressão da águia, encabeçada por Pavlidis, surtiu efeitos, com o grego a recuperar bola a meio-campo e a correr 30 metros para servir Di María para o bis com o pé esquerdo.
Carvalhal mudou o sistema após o intervalo, passou a defender com linha de quatro, mas foi o Benfica que continuou a dominar e a criar chances, ficando, até, a dever uma goleada aos adeptos com as ocasiões que desperdiçou para chegar ao 4-0 — incrível a sobranceria de Schjelderup a adornar lance aos 49' e ainda mais o golo monumental que Pavlidis tirou ao norueguês aos 59', tocando na bola em posição irregular.
A vitória já não escaparia, ainda mais quando Jónatas, aos 78', viu o vermelho direto por entrada duríssima sobre Carreras cinco minutos depois de ter entrado em campo."
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