"Personalidade: eis o topo dos trunfos, como soma de outros, que o Benfica exibiu em São Petersburgo, território do multimilionário Zenit de Villas Boas, Hulk, Witsel, Garay, Danny, Javi Garcia e, já agora, do bem menos badalado Lodygin, guarda-redes gigante na estatura e com alta qualidade bem demonstrada nos dois jogos desta eliminatória.
Personalidade do Benfica para, nesta temporada, sempre encarar a Champions com ganas de passos em frente - desde o primeiro dia, quando triunfou em casa do Atlético de Madrid -, o que lhe permitiu conquistar o prémio de já ter entrado no lote dos 8 melhores na mais importante competição de clubes.
Personalidade para o fazer sem lamúrias por sobrecarga de desgastes - ou medo destes - potenciando miná-lo nas competições nacionais, sobretudo, é evidente, na maratona do campeonato. Na Champions, sempre a máxima força possível. O que não o impede de ser líder na nossa Liga.
Personalidade para entrar em casa do Zenit sem inibições de medos por o seu sector defensivo estar remendadíssimo, impossibilitado de utilizar os três mais cotados defesas-centrais (Luisão, Jardel, Lisandro), bem como o guarda-redes Júlio César e o defesa direito André Almeida que tem sido quase sempre titular.
Personalidade para, ao longo da época, ter coragem de lançar miúdos - e vão cinco!... -, conseguindo que a global estrutura não entre em tremeliques. Ontem, na previsivelmente escaldante hora e meia em São Petersburgo, nada menos de 4 meninos foram titulares: Ederson (vinha de se estrear no crucial confronto em Alvalade...), Nélson Semedo, Lindelof, Renato Sanches. Todos com qualidade, e mentalmente muitíssimo bem preparados, para se imporem.
E que Benfica se viu na decisão da eliminatória? Entrou no jogo para seguir em frente, apostando em chegar ao golo que lhe ampliaria a tangencial vantagem alcançada na Luz. Assim, com a personalidade de mostrar convicção, o Benfica foi superior ao Zenit na primeira parte e nos últimos 20 minutos, nestes reagindo ao golo russo (precedido de evidente infracção). Em casa do Zenit, virar 1-0 em 1-2 não é pequena coisa...
O Benfica dito pequenino em Alvalade (visão de Jorge Jesus, com absoluta amnésia de como, liderando o Benfica, ali empatara na época anterior) não esteve em São Petersburgo. Pequenino, face à ambição que deve ser obrigatória em equipa que possui orçamento para ter tantos craques (um tirado ao FC Porto, três tirados ao Benfica), foi o Zenit. Sim, em todo o primeiro tempo e depois do 1-0, André Villas Boas mostrou muito receio do Benfica... Ele bem tinha frisado que o Benfica faz sempre golo(s) em casa alheia. Também por sua responsabilidade, viu isso ser confirmado.
Este Benfica não está equipa pequenina. Dentro dos seus limites, que é como quem diz dentro dos limites do nosso futebol, está, sim, uma senhora equipa. Na organização de jogo. Na planificação desta e daquela estratégias. No coesão que exibe, também em força mental (leia-se carácter!). Senhora equipa porque adquiriu estas qualidades, amiúde decisivas, depois de se ter sentido trucidada. Recorde-se desastrosa pré-época e quase agonizante primeira fase do campeonato. Esteve a 8 pontos do 1.º lugar... É líder.
Venha ou não a sagrar-se campeão, Rui Vitória, pelo enorme grau de dificuldades (múltiplas) que encontrou ao entrar no Benfica, implicando extraordinário trabalho para superá-las, já é um vencedor.
Sporting no Estoril. É-lhe imperioso reagir à derrota perante o Benfica, em Alvalade, num dia D para embalar, exactamente como o Benfica reagiu à derrota, na Luz, frente ao FC Porto, que ameaçou bloquear-lhe ambição. Amiúde, é após traumatizantes desaires que se testa fibra de campeões."
Santos Neves, in A Bola
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