"Tenha muita saúde e amigos também! Parabéns, Sport Lisboa e Benfica. Estes não são tempos de festa - nem dentro nem fora do relvado - mas o aniversário do clube do povo merece ser celebrado, mais não seja pelo sentido de gratidão, em qualquer circunstância. Aqueles jovens rapazes que em 1904 podiam estar na rua a jogar ao peão e se reuniram na Farmácia Franco em 28 de Fevereiro, não criaram apenas um clube de futebol. Deram vida a um nome sagrado, símbolo do desenvolvimento do desporto-rei em Portugal, responsável pela felicidade de milhões pela amargura inevitável dos mesmos, amizades inseparáveis, abraços improváveis, um hino com um orgulho muito seu.
Ao longo dos meus 27 anos de Benfica, não sei se foram mais os sorrisos ou as desilusões. Ambos os estados têm um impacto significativo e desmedido no meu espírito e a verdade é que voltaria a assinar este contrato emocional de olhos fechados. Nos últimos tempos, talvez a chama imensa tenha ardido com menor fulgor. Por múltiplos motivos, que não devem ser ignorados, antes registados. Foram raras as vezes em que a mística nos deu as mãos no passado recente. Uma delas, tão arrepiante quanto indesejável: a ovação ao capitão Yaremchuk. Comoveu o avançado ucraniano e qualquer adepto. O contexto mundial actual faz-nos recordar de uma racional certeza: a importância do futebol é relativa. Porém, aquele momento no Estádio da Luz também não deixa margem para dúvidas das coisas menos importantes.
Com mais ou menos vitórias, muitos troféus ou até nenhum, o desafio actual é maior do que esse: recuperar a genica que a qualquer engrandece. Não pode faltar Benfica ao Benfica. Parabéns, Glorioso!"
Pedro Soares, in O Benfica
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