"Investimentos de centenas de milhões de euros, que transformaram qualquer ideia sobre o ‘fair play’ financeiro numa treta, fizeram com que os campeonatos de Inglaterra e de França – e também da Alemanha, aí com maior contenção – ficassem praticamente resolvidos antes do Natal.
Na Premier, vitórias sucessivas do Manchester City tornaram a competição bem menos interessante do que estávamos habituados: a 20 jornadas do fim, os 11 (!) pontos de vantagem da equipa de Guardiola sobre o Manchester United de Mourinho e os 14 sobre o actual campeão, o Chelsea, são esclarecedores quanto à superioridade dos ‘citizens’.
São também 11 pontos que separam, na Bundesliga, o líder Bayern de Munique do segundo, o Schalke 04, agora que terminou a primeira volta. E na Ligue 1, o fenómeno só não tem a mesma amplitude porque no PSG há Emery, não há Guardiola. Mesmo assim, os parisienses levam 9 pontos de avanço sobre Monaco e Olympique de Lyon.
Voltamos a encontrar 11 pontos na liga espanhola, a separar o Barcelona do Real Madrid, que tem menos um jogo, embora os catalães tenham outro rival, o Atlético de Madrid, a 6 pontos. Em La Liga, o investimento foi menor, até porque Dembelé, campeão dos milhões de verão no país vizinho, em nada contribuiu ainda para os êxitos do surpreendente Valverde. Surpreendente para mim, que não esperava, após a estrondosa derrota na Supertaça de Espanha, vê-lo juntar tão rápida e eficazmente os cacos da época passada, e ganhar uma vantagem quase irrecuperável para os merengues. Trata-se de um treinador discreto e realista, que trabalhando com o que tem – e tendo Messi – consegue apresentar resultados. Diria que o clássico do próximo sábado, no Bernabéu, será o teste de fogo para a efectiva solidez competitiva deste Barça.
No outro grande campeonato do ‘big five’, o italiano, existe um equilíbrio ‘à portuguesa’, com quatro ou cinco candidatos a perseguir o título, sem que, curiosamente, isso nos conduza a uma emoção por aí além. Entre nós, parecem ser só três os pretendentes, podendo considerar-se que o Benfica tem agora a favor o facto de estar afastado das competições europeias e da Taça de Portugal, o que lhe permite dirigir todo o seu poder de fogo ao penta, para o que deve começar por recuperar os 3 pontos de atraso. O dérbi de 3 de Janeiro, na Luz, será a primeira oportunidade.
O último parágrafo vai desta vez – e mais uma vez – para Cristiano Ronaldo. Depois de mais um título para cuja conquista a sua acção foi decisiva, a imprensa madrilena iniciou uma nova cruzada: o jogador estará insatisfeito pelos valores envolvidos na renovação do contrato de Messi – já estaria incomodado com o de Neymar – pelo que só voltará a ficar ‘feliz’ com a melhoria do seu actual compromisso, que finda em 2021. Vai ser bonito! E pronto. Com esta crónica termino mais um ano. Um excelente 2018, leitor."
Investimentos do Manchestar United e do City nestas últimas 2 épocas, com o Mourinho e Guardiola:
ResponderEliminarManchestar United:
16/17 - compras de 185 e vendas de 47
17/18 - compras de 164 e vendas de 11
Balanço de compras/vendas: 292M€
Manchestar City:
16/17 - compras de 215 e vendas de 35
17/18 - compras de 250 e vendas de 95
Balanço de compras/vendas: 335M€
As compras do City foram todas abaixo de 60M£
O United comprou 2 jogadores por 190M€ (Pogba, 105 e Lukaku, 85)
O senhor Alexandre Pais tem a certeza que a diferença de pontos entre o United e o City se deve ao maior investimento do City?
E a diferença de jogo (apesar de este ser um conceito muito mais abstracto), deve-se também ao dinheiro?
E quando os mesmos 2 treinadores estavam em Espanha, a superioridade do Barcelona do Guardiola também era devida a algum (secreto certamente) maior investimento do Barça?
Será que o desconsiderado Emery faria pior no United que o, até há bem pouco tempo, "melhor do mundo" e sempre muito poupado, quando não sobejamente elogiado e endeusado, Mourinho?