"Regressaram as competições europeias – que sempre têm o seu encanto especial ainda que frequentemente efémero – e o meio da semana viu-se preenchido com jogos e mais jogos para deleite de quem vibra, por dentro ou por fora, com estes confrontos das nossas equipas perante oponentes estrangeiros. A grande nota da participação portuguesa vai para o Sporting de Braga que, pela primeira vez na sua história, venceu um adversário alemão na Alemanha e para o Sporting, o Sporting propriamente dito, que pela primeira vez na sua história, venceu um adversário grego na Grécia. Estão, assim, os dois Sportings de parabéns pela eficácia com que iniciaram os respectivos percursos europeus.
Benfica e FC Porto, que ainda não tinham perdido nenhum jogo neste início de temporada em Portugal, perderam com estrondo os seus desafios internacionais para surpresa e consternação das suas massas adeptas. Também é verdade que nem o FC Porto tinha ainda jogado nesta época com os turcos do Besiktas nem o Benfica tinha ainda jogado com os moscovitas do CSKA, equipas da segunda linha europeia – ou terceira? – mas que em Portugal discutiriam certamente o título em pé de igualdades com os três grandes do costume.
O que a primeira jornada das provas da UEFA trouxe de substancialmente inesperado ao panorama retórico do nosso futebol foi a surpreendente reabilitação de Talisca aos olhos dos benfiquistas e a sua queda em desgraça na consideração dos portistas. E, também, por respeitosa solidariedade institucional, no apreço dos sportinguistas. Tudo porque o brasileiro emprestado pelo Benfica ao Besiktas marcou um golo a Iker Casillas. É isto o que o futebol gera. Súbitas alterações no clima provocadas por um mísero golo colocam em causa argumentos de outrora e inclinações do passado.
Como se não bastasse a dramática alteração do estatuto interno de Talisca logo surgiria um novo episódio capaz de estilhaçar corações quando o simpático Aboubakar resolveu ir passar um bom bocado à cabina do Besiktas consumado que estava o jogo e o resultado no estádio do Dragão. Imediatamente emitiu o FC Porto um aparatoso comunicado lamentando a "falta de noção" da RTP. É verdade que a RTP nada – rigorosamente nada – teve a ver com o caso mas trata-se aqui de uma nova forma de comunicar por código. O que, na realidade, o FC Porto queria dizer é que lamentava a "falta de noção" do seu risonho jogador camaronês mas acabou por ser a televisão estatal a apanhar por tabela. Os decifradores desunham-se para entender estas subtilezas da arte da comunicação.
No entanto, e porque o amor é como o vento, já foi designado um "novo" Talisca para entreter os corações que batem a compasso no Dragão e no Altis. Trata-se de Nuno Gomes. E como Nuno Gomes já não pode marcar golos nem ao Porto nem ao Sporting a paixão tem tudo para durar. Se o Nuno Gomes consentir, claro."
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