"Deviam ser umas três da manhã, no olho do furacão que é o Largo de São Miguel, em Alfama, quando Quim Barreiros, Rosinha e Xutos & Pontapés tiveram uma pausa e se começou a ouvir um tema a sobrepor-se aos demais: 'E o Benfica é campeão, e o Benfica é campeão, ô ô ô...'. O coro foi aumentado, os estrangeiros iam sorrindo, os não-benfiquistas olhavam para o chão desconsolados. Sim, fujam para onde fugirem, não têm escapatória. Podem andar pelas redes sociais a destilar ódios, pelas televisões regionais a criar fantasmas, mas é na vida real que sempre perdem.
Começam a perder quando desvalorizam o carácter popular do Sport Lisboa e Benfica, quando vêem nisso um defeito e se esquecem de somos nós - quem faz o mundo avançar. Como já perceberam, na segunda à noite andei pelos bairros lisboetas a festejar o Santo António. Comecei na Mouraria, fui a Alfama, passei pela Graça e pela Penha de França. Milhares de pessoas na rua, muita cerveja e muita sardinha assada, cheiro que não sai da roupa ou do corpo nem depois da primeira lavagem. É assim a noite de Santos, festa popular de que muita gente tem medo.
Dizem-me que é 'demasiada confusão' ou que 'isto está bom é para os estrangeiros'. É mentira. Essas são desculpas de quem sai pouco, de quem não está habituado a estar na rua com os seus compatriotas em manifestações de alegria. Se estivessem, perceberiam que a Noite de Santos é festa. Sim, há filas, encontrões, poucas casas de banho, excessos alcoólicos e anda-se muito a pé, mas esse é o preço a pagar para estar entre a nossa gente.
Vão pouco ao Marquês, digo eu."
Vão pouco ao Marquês, digo eu."
Ricardo Santos, in O Benfica
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