Últimas indefectivações

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Uma olímpica inquietação...

"A ginástica é uma das modalidades maiores dos Jogos Olímpicos. Enche pavilhões em todo o mundo e faz espantosas audiências televisivas, especialmente nos Estados Unidos, onde as equipas femininas são sempre muito fortes.
Há, no entanto, algo que me impressiona e, confesso, me inquieta. Enquanto na ginástica artística masculina, os atletas têm um corpo digno da melhor estética grega, na feminina os corpos parecem deformados. Muito trabalho muscular, acredito que sim, mas não consigo encontrar fascínio, nem mesmo nos melhores exercícios. Posso admirar-me com o grau de dificuldade, extasiar-me com a perfeição técnica, mas perfeita era também a Nadia Comaneci quando, aos 15 anos, fez o seu estrondoso 10 nos Jogos de Montreal e mais tarde se soube como era possível retardar artificialmente o crescimento das mulheres.
Vejo a chinesa Shang Chunsong e não resisto a procurar os seus dados: 20 anos de idade, 34 quilos de peso e 1 metro e 40 centímetros de altura. Nenhuma das suas colegas chega ao metro e meio e nenhuma chega aos 40 quilos de peso.
Não posso afirmar o que quer que seja que implique a ideia de uma qualquer situação irregular, mas posso anunciar a minha perplexidade.
Eu sei que há controlo e que a Rússia até foi duramente punida pelo uso do doping de estado. E também sei que a maior de todas as ginastas da actualidade, a campeã americana Simone Biles, tem 19 anos de idade e mede 1,44 metros. Mas tem mais 13 quilos (!) do Chunsong e mais 12 quilos do que Yao Jinnan. Dirão: admiras-te porque és gordo. Pode ser..."

Vítor Serpa, in A Bola

1 comentário:

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