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quarta-feira, 24 de abril de 2013

O problema dos direitos televisivos

"1. O grande problema nas negociações dos direitos televisivos não está em eles serem colectivos ou subjectivos, está na repartição do bolo, isto é, no tamanho da fatia. É por isso que os critérios variam substancialmente de país para país. É lícito, no entanto, sublinhar que as dificuldades são bem maiores nas duas únicas Ligas (Portugal e Espanha) onde esses direitos ainda são vendidos individualmente. Entre nós, agora tudo vai mudar. Com a ruptura entre o Benfica (o clube com maiores audiências) e a Olivedesportos, nada vai ficar como dantes.
Tenho para mim que ambos vão ficar a perder, mas não há nada melhor do que saber esperar. Pode ser que a alteração dos dados venha a acelerar a solução que a Liga tanto deseja, a de ser ela a negociar em nome de todos. Penso, aliás, que se justificaria a intervenção do secretário de Estado do Desporto no assunto. Em Espanha, então, o escândalo atinge proporções incríveis. Enquanto o Real Madrid e o Barcelona se locupletam com 140 milhões de euros cada um (46,5% do total de 602 milhões), o resto da plebe com o remanescente. Não creio que a disponibilidade dos merengues e culés (pressionados pela Liga) para reduzirem a sua quota para 34 por cento seja suficiente para se chegar a um consenso.

2. A atribuição da organização do Mundial-2022 ao Catar tem sido objecto de grandes controvérsias nas quais tanto a FIFA como a UEFA não se livram de serem acusadas de corrupção pelas muitas tropelias cometidas e consentidas. Agora é o maior sindicato do mundo (ITUC) a denunciar que o Catar é um estado esclavagista que - para a construção dos 12 estádios (7 dos quais em apenas duas cidades, 4 em Al Rayyan e 3 em Doha) e de outras infra-estruturas - recrutou milhares de operários (grande parte do Nepal) a quem não garante segurança no trabalho (já morreram algumas centenas), paga salários de fome, confisca os passaportes e trata como animais (no espaço de 4 dormem 18!). E remata: «Não se pode acolher um evento dos séc. XXI num país parado no séc. XIX»."

Manuel Martins de Sá, in A Bola

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